Legado olímpico: trabalhadores demitidos e sem salários

As manifestações na manhã desta quinta e sexta-feira (7 e 8 de janeiro), em frente ao Parque Olímpico da Barra da Tijuca, são um reflexo da gestão dos Jogos Olímpicos na cidade.

O Sintraconst-Rio, junto a trabalhadores demitidos do Centro de Tênis, reivindica o cumprimento da lei por parte do Consórcio ITD (Ibeg /Tangran/Damiani): o pagamento dos salários e das rescisões dos cerca de 300 operários dispensados.

TRABALHADORES SEM DINHEIRO II
Consórcio ITD (Ibeg /Tangran/Damiani), não paga salários e as rescisões dos cerca de 300 operários dispensados. Crédito: Sintraconstrio

O Sindicato vai comunicar ao Ministério Público a situação e vai seguir nos próximos dias mobilizado junto aos trabalhadores, manifestando suas reivindicações em frente ao Parque Olímpico.

O descaso em relação aos trabalhadores é evidente não só por parte do consórcio liderado pela construtora Ibeg mas também pela Prefeitura do Rio. E isso abre questionamentos do tipo:

– Será que vamos enfrentar mais casos como esse dentro da construção das estruturas olímpicas, com demissões em massa sem o pagamento da rescisão trabalhista conforme determina a lei?

– O legado olímpico será de trabalhadores desrespeitados e a lei trabalhista rasgada por parte das empresas que faturam milhões com as obras esportivas?

O Consórcio ITD prometeu aos 300 operários que pagaria a rescisão no dia 28 de dezembro. Porém, deu calote nos trabalhadores.

Assim, 300 famílias passaram o réveillon contando com um dinheiro que não receberam.

O orçamento da construção do Complexo Olímpico de Tênis é de R$ 175 milhões. Porém, no cenário atual, não estamos discutindo o faturamento da empresa nem os aditivos acordados entre as partes. Queremos o que é de direito depois do trabalho cumprido: pagamento de rescisões, salários e benefícios garantidos por lei.

O Sintraconst-Rio vai acompanhar os trabalhadores até o último capítulo dessa novela de empurra entre empresa e Prefeitura do Rio.

A Assessoria Jurídica da entidade inclusive já prepara ação para garantir de imediato o recebimento por parte dos profissionais dispensados.

É triste pensar que, quando os atletas de todo o mundo estiverem atuando nas arenas olímpicas, famílias estarão em casa, assistindo os jogos pela TV, esperando receber salário pela construção dessas estruturas.

Não aceitaremos que a Rio 2016 seja realizada passando por cima dos direitos trabalhistas e da dignidade dos operários.

Veja aqui o texto do manifesto assinado pelo Sintraconst-Rio e os empregados demitidos.

(texto atualizado às 14h41 de 8 de janeiro de 2016)

Sobre o incêndio no Parque Olímpico

Na tarde desta quinta-feira (7 de janeiro) foi registrado um incêndio na área externa da obra do Centro Olímpico de Tênis.

É estranho que o local tenha pegado fogo justamente no dia em que, na parte da manhã, os trabalhadores fizeram uma manifestação pacífica e ordeira em frente à obra. A manifestação inclusive foi acompanhada pela Polícia Militar e pela Guarda Municipal sem qualquer registro de tumulto.

O incêndio no Parque Olímpico é lamentável e prejudica a reivindicação dos cerca de 300 operários que aguardam o recebimento de salário e rescisão trabalhista.

Nós, trabalhadores, não ganhamos nada com esse incêndio.

O Sindicato também lamenta que, para criminalizar um movimento legítimo que reivindica direitos básicos do trabalhador, alguns busquem culpar os manifestantes pelo incêndio.

O Sindicato espera que, se de fato foi um incêndio criminoso, as autoridades possam identificar os culpados e que estes respondam pelo crime.

Fonte: Assessoria de imprensa Sintraconstrio

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *