Conclusão é de que o Brasil necessita de agenda específica para aumentar competitividade do setor
Rio de Janeiro, 27 de julho de 2014 – “Cenários político-econômicos e perspectivas para as exportações brasileiras” foi a pauta das discussões que marcaram o lançamento, no Rio, do Encontro Nacional de Comércio Exterior (ENAEX 2016). Para abordar o tema, o evento reuniu, na sede da Confederação Nacional do Comércio (CNC), Carlos Thadeu de Freitas, economista-chefe da instituição, o embaixador Luiz Felipe Seixas Corrêa, presidente do Conselho Empresarial de Relações Internacionais (CERI) da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (FIRJAN), e o presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro.
Durante sua apresentação, José Augusto de Castro fez uma análise do setor exportador brasileiro e apontou as principais questões que impactam negativamente o segmento, que hoje ocupa a 25ª posição no ranking mundial de exportação, apesar de ter o 8º PIB do mundo, segundo dados de 2015. “É necessário que o Brasil deixe de ficar a reboque das exportações de commodities e invista no comércio de manufaturados para podermos crescer no ranking e aumentar nossa competitividade no comércio internacional”, destacou.
Segundo Castro, as exportações de commodities significam rentabilidade; porém, com a queda de preços no comércio mundial desses produtos, o Brasil, que tem a soja em grãos, minério de ferro e petróleo como principais itens de sua pauta de exportação, perdeu espaço no mercado internacional. “Estimular a exportação de manufaturados aumentará a nossa competitividade e com isso nossa eficiência no mercado global, com reflexos positivos na geração de empregos e na elevação de arrecadação”, disse.
Os custos de logística, tributário, infraestrutura, previdenciário e trabalhista são alguns dos fatores elencados por Castro como causa da perda da competitividade brasileira na exportação. “Reduzir o Custo-Brasil, eliminar a insegurança jurídica/operacional para que o exportador tenha previsibilidade, ter uma política comercial externa agressiva, sem partidarismo, assim como uma taxa cambial neutra, sem favorecer exportação ou importação, são alguns dos desafios do Brasil no comércio exterior. Sem fazer o dever de casa, a solução é rezar, em mandarim, e se conformar em ser colônia comercial num mundo industrializado”, enfatizou Castro.
Na opinião de Castro, as perspectivas para a exportação brasileira no curto prazo não são boas, mas há uma expectativa de que, após a conclusão do processo de impeachment e com o governo sinalizando fazer indispensáveis reformas estruturais, o setor se fortaleça e passe a ser cada vez mais um dos principais eixos do desenvolvimento econômico. “Melhorar, depende exclusivamente de nós, brasileiros”, concluiu.
O cenário previsto para a exportação brasileira a partir de uma análise da política fiscal do governo e seus impactos no dólar marcou a apresentação de Carlos Thadeu de Freitas durante o encontro. Segundo ele, o cenário interno não é tão bom, porém os indicadores econômicos já apontam uma pequena melhora. “O grande problema é que não há alternativa no curto prazo”, afirmou. Entre as questões negativas para o setor exportador destacadas por ele estão a atividade econômica mundial fraca, as incertezas relacionadas ao Brexit, além da alta taxa Selic. “Há perspectivas positivas, mas a manutenção da taxa de juros alta sem suporte fiscal acarretaria o retorno da retração econômica e voltaríamos ao período mais crítico da crise, gerando impacto na exportação”, afirmou.
O embaixador Seixas Corrêa fez uma ampla análise do atual momento do Brasil no contexto internacional e sobre o papel do Itamaraty no contexto da política comercial brasileira. Em sua apresentação relacionou as principais questões que impactam o comércio exterior brasileiro e citou o protecionismo, a falta de uma agenda interna de competitividade e de uma maior internacionalização do Brasil e também o Brexit. “É preciso investir na dinamização da pauta exportadora, assim como é decisivo passar a imagem de um Brasil que quer participar dos fluxos globais de comércio”, afirmou. Para isso, disse Seixas Corrêa, o País deve buscar mais acordos comerciais, promover uma agenda de investimentos em infraestrutura e reforçar a posição comercial do Brasil na América Latina, além de buscar uma aproximação com a Aliança do Pacífico e desenhar uma nova agenda comercial com os EUA após as eleições americanas, assim como promover a aproximação comercial com o Reino Unido.
Sobre o ENAEX
O encontro, o mais importante fórum de diálogo entre empresários e governo, reunirá representantes de toda a cadeia de negócios do comércio internacional para discutir as principais questões que envolvem o setor, com vistas a melhorar a competitividade dos produtos brasileiros.
Estão previstos workshops, painéis e debates sobre os principais temas relacionados ao setor. Os inscritos também terão a oportunidade de participar de despachos executivos e reuniões, assim como visitar a área de exposição com estandes de empresas, entidades, órgãos públicos e mídias especializadas.
Paralelamente ao evento, ocorrerá à reunião do Conselho de Comércio Exterior do MERCOSUL (MERCOEX), formado pelas co-irmãs da AEB no âmbito regional: CERA (Câmara de Exportadores de la República Argentina), UEU (Unión de Exportadores del Uruguay) e CIP (Centro de Importadores del Paraguay).
Em reconhecimento às empresas e instituições que se destacaram no comércio externo do Brasil no ano anterior, a AEB e o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) concederão durante o evento o Prêmio Destaque de Comércio Exterior 2015, que está em sua 22ª edição. Também haverá a entrega do Prêmio Proex, do Banco do Brasil.
Serviço:
35º Encontro Nacional de Comércio Exterior (ENAEX 2016)
Data: 23 e 24 de novembro de 2016
Horário: 8h às 19h (23/11) e 8h às 17h (24/11)
Local: Centro de Convenções SulAmérica (Av. Paulo de Frontin, 1 – Cidade Nova – Rio de Janeiro – RJ)
Informações e inscrições: www.enaex.com.br/enaex2016