Idosos de Itaboraí têm turmas especiais para completar o Ensino Fundamental

Inscrições para a 6ª fase continua aberta, mas há poucas vagas

Itaboraí – Pessoas com mais de 50 anos estão abrindo novas perspectivas de vida a partir da Educação de Jovens e Adultos, com turmas especiais para idosos implementadas de forma pioneira em Itaboraí. O sucesso do projeto fez a Prefeitura investir na abertura de novos cursos, com turmas também a partir da 6ª fase (equivalente ao 6º ano do Ensino Fundamental), a partir deste ano. Anteriormente, a EJA oferecia cursos apenas até a 5ª fase.

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O Professor Henrique Pacheco faz parte do projeto EJA de ensino. Foto: Sandro Giron.

As matrículas para a 6ª fase já estão abertas, e ainda há vagas. A partir do ano que vem, também haverá turmas para a 7ª fase, e à medida em que os alunos forem aprovados, serão abertos cursos também para a 8ª e 9ª fases, completando, assim, todoo ensino fundamental. Até o último semestre, os estudantes dessas turmas específicas, após terminarem a 5º fase (equivalente ao 5º ano do Ensino Fundamental), tinham que migrar para a EJA tradicional e dividir a sala de aula com pessoas mais jovens no período da noite.

Agora, não há mais esta necessidade, já que a Secretaria Municipal de Educação e Cultura (Semec) incluiu todas as fases desta modalidade de educação básica no EJA/Idosos. Número de alunos reduzidos nas turmas, salas climatizadas, aulas em ritmo próprio, em função da idade elevada, e matriz curricular específica estão entre as diferenças da EJA/Idosos na comparação com as escolas regulares. Atualmente, são 80 alunos estudando, nos turnos da manhã e da tarde, no pólo central do projeto Vida e Movimento, anexo à Escola Municipal Therezinha de Jesus Pereira da Silva.

Novas disciplinas

De acordo com Adriana Barbosa, coordenadora da EJA, foram incluídas as seguintes disciplinas na EJA/Idosos neste semestre: pintura em tela, atividades recreativas, dança, música e informática.

“É uma escola pensada para as pessoas de mais idade. Além das matérias básicas do Ensino Fundamental, eles passam a contar com mais estas atividades”, destaca a coordenadora da EJA.

Adriana Barbosa ressalta que um dos diferenciais é uma maior assimilação do conteúdo dado.

“No meio dos jovens, eles se sentem deslocados e inibidos para interagirem na aula, na medida em que o ritmo de aprendizagem é mais lento. Um outro fator relevante é o turno. As escolas com EJA só têm o horário da noite, e a maioria dos idosos prefere o período da manhã”, explica.

Henrique Pacheco, professor de História da EJA e da EJA/Idosos, afirma que à noite havia evasão de idosos, principalmente nas turmas da 6ª a 9ª fase, onde existe uma predominância de pessoas mais jovens.

Conflito de gerações

Milva Teixeira de Souza, de 70 anos, já estudou na EJA tradicional e lembra que a experiência não foi boa. Indisciplina e falta de interesse pelos estudos foram as principais reclamações da idosa.

“Eles não respeitam as pessoas da terceira idade. Durante a aula, faziam arruaça e falavam alto. Não tinha como eu aprender nada. Acabei abandonando. Quando soube que o EJA/Idosos estava abrindo turmas para a 6ª fase, não pensei duas vezes”, conta a idosa.

Gecilda Barbosa de Azevedo, de 70 anos, aprendeu a ler e a escrever no EJA/Idosos. Apesar dos planos de concluir o Ensino Fundamental, ela afirma que pararia de estudar se tivesse que dividir a sala de aula com alunos mais novos.

“Teria vergonha de perguntar qualquer coisa. Ficaria deslocada. Sem contar que, à noite, não enxergo muito bem”, revela a aposentada. Neuzira Rodrigues Moreira, de 72 anos, também não continuaria os estudos se tivesse que mudar.

“Eu unca estudaria a noite, pois acho muito perigoso. A quantidade de ônibus fica muito reduzida. Não é só isso. Tenho certeza que não conseguiria acompanhar o ritmo da aula”, diz Neuzira

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