Gestores de pessoas citam cases de sucesso, criticam falta de talento no Brasil e provocam os executivos presentes ao Congresso da AEAMESP
São Paulo, 2016 – A crise econômica que caminha para o terceiro ano com impactos significativos nos investimentos, paralisação das obras de mobilidade e reduz a receita das operadoras devido a perda de passageiros, coloca como desafio aos gestores das empresas a criatividade para busca de soluções e aumento da eficiência nos serviços. Este foi o tema do primeiro painel da 22ª. Semana de Tecnologia Metroferroviária.
Para o coordenador do painel Emiliano Stanislau Affonso Neto, que trabalha há 30 anos no Metrô de São Paulo, a crise representa uma oportunidade para se avançar em propostas que possam gerar empregos, o retorno dos investimentos e a retomada de obras paradas para a construção de um país melhor.
Os dois palestrantes Ricardo Piovan, diretor do Portal Fox e Sandro Marques, Professor do SENAC-SP partiram de exemplos de sucesso para destacar estratégias e narrativas que resultam na melhoria do desempenho em ambientes restritivos.
Piovan citou a Orquestra do holandês André Rieu, a única entre as cinco maiores europeias que dá lucro. O sucesso resultou do fato de o maestro ter retornado à universidade para fazer MBA em administração e negócios e passou a implantar na orquestra a estratégia de competência. Ele eliminou solistas da orquestra e passou ele mesmo a fazer solo de violino e a apresentar seus espetáculos em grandes estádios em vez de pequenos teatros, criando assim um novo e numeroso público.
Piovan citou estudo da Conference Board, segundo o qual há um apagão de talentos no Brasil. Esse estudo mostra que são necessários quatro brasileiros para fazer o que um americano faz sozinho. Enquanto o americano estuda 15 anos desde a infância, o brasileiro estuda oito; em treinamento, o americano dispende 30 horas contra apenas quatro dos brasileiros.
Por fim, recomendou o livro “Estratégia do Oceano Azul” escrito por W. Chan Kim e Renée Mauborgne que se baseia em casos de sucesso como o Cirque de Soleil que faz sucesso no mundo graças ao aprendizado, estratégia, narrativa de persuasão e liderança.
Sandro Marques apontou como saídas as mudanças e ideias novas, que sempre encontram resistências nas empresas. E citou o caso de sucesso da bebida H2O, que tem menos gás e menos açúcar que os refrigerantes, que partiu da ideia de um subordinado. A diferença é que ele foi ouvido pelo seu superior e levou a ideia adiante. “O que diferencia o ser humano é sua capacidade de criar”, disse Marques ao citar o criador da Torre Eiffel, que ousou fazer um monumento de ferro que se tornou símbolo de Paris e orgulho para os franceses.
O debatedor Plínio Assman, conselheiro da AEAMESP, relacionou o sucesso e o apreço que a população tem pelo Metrô de São Paulo, ao serviço de atendimento ao cliente implantado, pela transparência e gestão participativa. Hoje o Metrô é a maior empresa de serviços da cidade. Ele destacou também a importância das ferrovias como agente estimulador do crescimento e ocupação de território. O interior do Estado foi ocupado graças às oito linhas ferroviárias que fez cidades crescerem em volta de cada estação, exemplificou. Sem as ferrovias, a parte superior do território do Brasil ainda não foi ocupada e não sabemos como será. “O século 19 foi o das ferrovias e da ocupação do território; o Século XX, dedicado aos veículos rodoviários não promoveu ocupação. O desafio do Século XXI será o da busca de mobilidade criativa”.
Confira a programação no http://www.aeamesp.org.br/22semana/programa-preliminar/