Situação das contas públicas, estabilidade econômica e efeitos da globalização foram alguns dos temas em análise
Rio, Dezembro, 2016 – A recuperação da economia brasileira e o papel do Sistema Nacional de Fomento (SNF) no desenvolvimento do país foram o eixo central dos debates ocorridos na sexta-feira (02/12) no Fórum do Desenvolvimento.
O evento, organizado no Rio de Janeiro pela Associação Brasileira de Desenvolvimento (ABDE) com o apoio do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e patrocínio do Sebrae Rio, reuniu especialistas em economia brasileira, contas públicas, sistema financeiro e setor produtivo.
A ABDE reúne bancos públicos federais, bancos de desenvolvimento controlados por unidades da Federação, bancos cooperativos, bancos públicos comerciais estaduais com carteira de desenvolvimento, agências de fomento, além do Sebrae e da Finep. Juntas, essas instituições compõem o Sistema Nacional de Fomento (SNF). A ABDE define estratégias e executa ações indutoras do SNF, tendo como meta o aprimoramento da atuação de seus associados a fim de que essas instituições financiem com eficiência o desenvolvimento brasileiro.
Contas públicas – Presente ao evento, o economista Jan Kregel, diretor de pesquisa do Levy Economics Institute e especialista em política monetária e política econômica, avaliou que a volta do crescimento virá com medidas que estimulem o emprego e a renda, impulsionando o desenvolvimento.
“No período de crise, em que há deficiência de demanda, o governo não deveria agir de forma pró-cíclica.”
O economista do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) da área de Planejamento e Pesquisa, Fábio Giambiagi, defendeu, por sua vez, as medidas de ajuste implementadas pelo governo federal, mas afirmou que a recuperação da economia será mais lenta.
Isso porque, segundo ele, diante da conjuntura política várias medidas importantes terão que ser tomadas apenas pelo próximo governo, a partir de 2019. Ele reafirmou a necessidade de serem realizadas reformas, principalmente por conta das despesas primárias do governo que crescem ano após ano, em um ritmo intenso.
“Estamos há trinta anos promovendo um exercício de autoengano, acreditando que os gastos podem aumentar sem maiores consequências. Há riscos muito concretos, que podem ocorre se não invertermos essa lógica”
Estabilidade – No painel “Qual desenvolvimento queremos?”, o professor do Hobart and William Smith College, Felipe Rezende, comentou que não se pode dissociar desenvolvimento de estabilidade econômica.
“O banco público de desenvolvimento é uma das soluções para reconciliar o desenvolvimento do país com o equilíbrio econômico”, explicou Rezende.
Ao abordar a temática do desenvolvimento, o professor da FGV, Nelson Marconi, considerou que a situação das contas públicas é preocupante, sendo a Previdência o maior problema.
“Se o Brasil conseguir aumentar o investimento público, é muito possível que volte a se desenvolver”, avaliou Marconi.
Em sua apresentação, o presidente do BDMG, Marco Crocco, voltou no tempo propondo a análise do último modelo de desenvolvimento que o mundo adotou na década de 1980: o da globalização.
Crocco mostrou que até 2008, o que se constatou foi o aumento da desigualdade social no planeta e que isso agora é tema de discussão nos países desenvolvidos, também muito afetados.
“O que se analisa é que a globalização parece ser incompatível com a democracia, pois sofre de fraca governança. Não há solução sem inclusão social”, ponderou, Crocco.
Premiação – O Fórum do Desenvolvimento foi encerrado com a divulgação dos vencedores do Prêmio ABDE-BID de Monografia. Em sua terceira edição, o prêmio incentiva trabalhos acadêmicos dedicados aos temas do fomento e do desenvolvimento.
Os principais trabalhos vencedores foram “Conflitos entre políticas públicas e (falta de) coordenação de ações estatais: uma análise empírica da presença do BNDESPAR e da atuação do Cade em fusões e aquisições no Brasil”, de autoria de Marcio Moran, Anju Seth e José Antonio Ziebarth, na categoria “Desenvolvimento em debate”.
Na categoria “Financiamento: desafios e soluções” o primeiro lugar ficou com o trabalho “Financiamento a empreendimentos de baixa renda e a busca pela efetividade na inclusão produtiva”, escrita por Leonardo de Moura Perdigão Pamplona (BNDES).
Sobre a ABDE – A Associação Brasileira de Desenvolvimento reúne bancos públicos federais, bancos de desenvolvimento controlados por unidades da Federação, bancos cooperativos, bancos públicos comerciais estaduais com carteira de desenvolvimento, agências de fomento, além do Sebrae e da Finep. Essas instituições compõem o Sistema Nacional de Fomento (SNF). A ABDE define estratégias e executa ações indutoras do SNF, tendo como meta o aprimoramento da atuação de seus associados a fim de que essas instituições financiem com eficiência o desenvolvimento brasileiro.
Sobre o BID – O Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) é a mais importante fonte de financiamento para o desenvolvimento e assistência técnica para América Latina e Caribe. O banco procura melhorar as condições de vida dos habitantes da região, associando-se a seus países membros a fim de contribuir para a aplicação de novas soluções para os problemas de desenvolvimento.