Em reunião realizada nesta quinta-feira (9/2) senadores, deputados e entidades representativas da engenharia, dos trabalhadores e do setor industrial criticaram a decisão da Petrobras de excluir empresas brasileiras da licitação para retomada das obras do Comperj, no Rio de Janeiro
O presidente da Federação Nacional dos Engenheiros (FNE), Murilo Pinheiro, fez nesta quinta-feira (9/2), na Câmara dos Deputados, a defesa da participação da engenharia nacional e das empresas que atuam no Brasil nos projetos da Petrobras.
Presente à segunda reunião da Frente Parlamentar Mista da Engenharia, Infraestrutura e Desenvolvimento Nacional, ele ressaltou ser necessário assegurar que haja competição, mantendo-se a política de conteúdo local e sem excluir as companhias que têm expertise no país.
A avaliação do presidente da FNE vem após a Petrobras ter decidido, em janeiro, retomar as obras para a conclusão do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj) abrindo licitação restrita a empresas estrangeiras, não permitindo a empresas brasileiras participarem da concorrência.
Outra questão em debate no país é a definição do percentual de contratação de conteúdo local a ser exigido para as próximas rodadas de leilões de petróleo e gás.
As preocupações levantadas por Murilo Pinheiro foram o ponto central da discussão da Frente Parlamentar realizada nesta quinta-feira, que se estendeu por cerca de quatro horas.
Como encaminhamento sobre o tema, o presidente da Frente Parlamentar da Engenharia, Infraestrutura e Desenvolvimento Nacional, Ronaldo Lessa (PDT/AL), anunciou a formação de um grupo, com participação da FNE, para gestões junto aos ministros da Casa Civil e do Ministério de Minas e Energia. O grupo defenderá, junto aos membros do governo federal, uma política de conteúdo nacional que contemple os interesses nacionais de geração de conhecimento, tecnologia e empregos da mão de obra nacional.
Durante a reunião da frente, foi decidida também a realização de uma audiência pública específica para debater a postura da Petrobras de exclusão de empresas brasileiras dos programas de investimento. “Faremos uma audiência para debater essa licitação a Petrobras. As entidades patronais e de classe da engenharia estão preocupadas em relação a isso”, comentou o deputado Lessa.
Vocação da Petrobras – Em reunião lotada, parlamentares, engenheiros e empresários, fizeram defesa veemente da nacionalização dos investimentos da Petrobras, pedindo que a companhia reverta a decisão e permitindo às empresas brasileiras a participação na licitação de obras de conclusão do Comperj.
A senadora Lídice da Matta (PSB/BA) fez um apelo ao resgate da vocação da companhia petrolífera. “Temos centenas de engenheiros que estão sem poder se reposicionar no mercado de trabalho. A Petrobras foi criada pelo ideal do nacionalismo e, agora, não pode ser uma obstrução à participação das empresas brasileiras.”
Presente ao encontro, o diretor jurídico da Federação Única dos Petroleiros (FUP), Leonardo Urpia, lembrou que a atuação da Petrobras está relacionada ao investimento, à geração de conhecimento e à segurança energética.
A reunião da frente que irá discutir a situação da Petrobras será realizada após o Carnaval em data a ser definida.