Entidades buscam viabilizar financeiramente projetos que contemplam a utilização de materiais compósitos
Junho, 2017 – A Associação Latino-Americana de Materiais Compósitos (ALMACO) e o Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) assinaram um Termo de Cooperação (TC) cujo objetivo é contribuir para o desenvolvimento das micro, pequenas e médias empresas, perfis majoritários no segmento de transformação de compósitos – um tipo de plástico de alta performance.
O acordo divide-se em duas frentes. A primeira, focada em extensão tecnológica, conta com financiamentos federal, por meio do Sistema Brasileiro de Tecnologia (SIBRATEC), e estadual, a cargo do Programa de Apoio Tecnológico às Micro, Pequenas e Médias Empresas, com orçamento do Plano Plurianual (PPA) do governo de São Paulo.
“Somadas as fontes, dispomos de cerca de R$ 3 milhões por ano para subsidiar as atividades. Depois de orçado o tipo de serviço, a empresa interessada se responsabiliza pela contrapartida de cerca de 20% do custo total”, detalha Mari Katayama, diretora do Núcleo de Atendimento Tecnológico à Micro e Pequena Empresa do IPT, organismo executor do programa no estado de São Paulo.
Criada em 1999, a extensão tecnológica está disponível somente para as empresas paulistas que faturam até R$ 90 milhões/ano. Sua atuação concentra-se em cinco áreas: atendimento via unidades móveis para visitas in loco e resolução de problemas tecnológicos (PRUMO); adequação de produtos para o mercado externo (PROGEX); qualificação de produtos para o mercado interno (QUALIMINT); gestão de produção (GESPRO) e produção mais limpa (PROLIMP). “Já fizemos, por exemplo, cerca de cinco mil atendimentos no âmbito da PRUMO e realizamos mais de 1,5 mil adequações de produtos para exportação”.
A segunda frente do TC assinado pela ALMACO e IPT destina-se ao fomento da pesquisa e inovação industrial. Disponível para empresas de todo o Brasil que faturam até R$ 3,6 milhões/ano, a atividade conta com o financiamento da Associação Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (EMBRAPII) e do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE). “Trata-se de um programa com foco exclusivo em desenvolvimento e inovação. É voltado principalmente para os microempreendedores individuais, empresas de pequeno porte e startups”.
Os participantes podem contar com recursos do SEBRAE, cabendo à empresa uma contrapartida, em média, de 14% do custo total do projeto de desenvolvimento tecnológico. “A contrapartida fica em torno de 17% quando temos um encadeamento tecnológico, isto é, o envolvimento de uma pequena e uma média ou grande empresa, cabendo a estas duas últimas o aporte financeiro de, no mínimo, 10%”, calcula Mari. O IPT é credenciado na EMBRAPII na área de materiais compósitos, metálicos e cerâmicos, bem como em nanopartículas e desenvolvimento/escalonamento de processos biotecnológicos.
De acordo com Gilmar Lima, presidente da ALMACO, o acordo assinado com o IPT será fundamental para ajudar as empresas do setor de compósitos a atravessar a crise econômica. “Inovação e exportação são os principais caminhos para amenizar os efeitos das dificuldades que estamos vivenciando”, observa.
No que tange à associação, Lima comenta que a parceria com o IPT deve aumentar a geração de recursos, uma vez que a ALMACO poderá atuar como prestadora de serviços. “Vamos oferecer a nossa estrutura, profissionais e expertise para viabilizar o maior número possível de projetos”. Ele ressalta ainda que a participação de toda a cadeia produtiva de compósitos, em especial os fornecedores de matérias-primas, será decisiva para o sucesso da ação. “As grandes empresas devem entender que o apoio aos transformadores é ainda mais importante neste momento. Caso contrário, no futuro elas não terão para quem vender os seus produtos”.
Setor deve faturar R$ 2,450 bi em 2017
Resultantes da combinação entre polímeros e reforços – por exemplo, fibras de vidro –, os compósitos são conhecidos pelos elevados índices de resistência mecânica e química, associados à liberdade de design. Há mais de 50 mil aplicações catalogadas em todo o mundo, de caixas d’água, tubos e pás eólicas a peças de barcos, ônibus, trens e aviões.
Em 2016, o setor brasileiro de compósitos faturou R$ 2,550 bilhões, queda de 4% em comparação ao ano anterior. O consumo de matérias-primas diminuiu 1,3%, totalizando 159 mil toneladas. A construção civil liderou a demanda (36%), à frente de transportes (25%), corrosão/saneamento (17%), energia elétrica (5%), eólico (4%) e náutico (4%). Para 2017, o faturamento previsto é de R$ 2,450 bilhões – nova queda de 4% –, enquanto o consumo de matérias-primas deve encolher 2,5%, perfazendo 155 mil toneladas.
Fundada em 1981, a ALMACO tem como missão representar, promover e fortalecer o desenvolvimento sustentável do mercado de compósitos. Com administração central no Brasil e sedes regionais no Chile, Argentina e Colômbia, a ALMACO tem cerca de 400 associados (empresas, entidades e estudantes) e mantém, em conjunto com o Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), o Centro de Tecnologia em Compósitos (CETECOM), o maior do gênero na América Latina.
Para mais informações, acesse www.almaco.org.br