Racismo: quatro dicas para empresas evitarem propagandas racistas?

53% da população brasileira é composta por negros. Propagandas racistas podem promover impacto considerável nas vendas de produtos que usam o racismo no comercial

Outubro, 2017 – Recentes campanhas publicitárias levantaram novamente o debate sobre o racismo no Brasil. Vale chamar a atenção pelo fato de que as ideias preconcebidas que reforçam o racismo, são sutis, e por não serem notadas por parte das pessoas, podem ser vistas como algo natural. Por sua vez, aqueles mais informados sobre as nuances da discriminação que, consequentemente, cobram novas posições das empresas, são chamados de “politicamente corretos” que problematizam questões desnecessárias.

Seja no recente caso da Dove, no qual uma mulher negra se torna uma mulher branca, após o uso do produto, ou do papel higiênico da Santher que usa um dos lemas de afirmação do movimento negro cunhado desde a década de 60 “negro é lindo” (black is beautiful) para falar de um novo modelo de papel higiênico, os contextos e as histórias narradas fazem toda a diferença.

Para Liliane Rocha, fundadora executiva da Gestão Kairós – consultoria especializada em Sustentabilidade e Diversidade, evitar este tipo de erro passa pela informação. “As empresas certamente não são as vilãs, na verdade, acredito que as empresas sejam propulsoras da valorização da diversidade, principalmente quando têm consciência desse papel e se engajam. A questão aqui é que as recentes propagandas nos mostram o quanto, mesmo empresas que já atentaram para a importância da Valorização da Diversidade, podem continuar a escorregar em questões simples”, destaca a especialista.

As empresas precisam gerir o tema dentro de seus negócios. Transparência com stakeholders. Esforço coordenado. E os representantes das empresas, das agências de comunicação, com conhecimento necessário para propor e criar comerciais que não transmitam mensagens retrógradas e ofensivas. Para isso, dá quatro dicas simples para evitar o erro:

1. Representar em seu quadro funcional a diversidade da sociedade, não somente no nível funcional, mas no executivo. Uma equipe na qual todos pensam igual, e sabemos qual o “igual” vigente só pode dar nesse grande equívoco publicitário.

2. Avançar no desenvolvimento de líderes aptos a fazer uma gestão empresarial com o olhar humano e estratégico de diversidade.

3. Focar o desenvolvimento de uma cultura de valorização da diversidade.

4. Considerar a ajuda de um especialista. A diversidade e os direitos humanos, assim como qualquer área do entendimento das humanas, exatas e ciências, requerem estudo sistêmico e vivência profunda das suas questões, dilemas e formas de avanço. Aqui, o amadorismo pode ser ainda mais prejudicial, afinal de que adianta criar uma área de diversidade composta por iguais onde todos os profissionais só têm uma visão e o diverso não é contemplado?

“Um líder inclusivo, não pode permitir que algo como essas campanhas aconteçam, pois ele deve saber que a imagem ou reputação de sua marca/produto ou empresa estão em risco a partir do momento que ele aprova um comercial como esses”, finaliza Liliane Rocha, que é autora do livro “Como ser um líder Inclusivo”, que apoia empresas e profissionais que buscam valorizar a diversidade.

Mais informações sobre Liliane Rocha no site:  www.gestaokairos.com.br

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