Seminário promovido pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção, Sesi Nacional e SINDUSCON Joinville reuniu cerca de 80 pessoas no dia 27 de fevereiro na ACIJ
Fevereiro, 2018 – Joinville recebeu na terça-feira, dia 27 de fevereiro, a 13ª edição do Seminário “Ética & Compliance para uma Gestão Eficaz”. Promovido pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) e Sesi Nacional, o evento já percorreu dezenas de cidades brasileiras com o objetivo de debater a ética nos negócios e os mecanismos de controle e combate à corrupção. Em Joinville, a iniciativa contou com a parceria do Sindicato da Indústria da Construção Civil (SINDUSCON) e reuniu cerca de 80 pessoas no Salão Nobre da Associação Empresarial (ACIJ).
Nesta edição do Seminário, os palestrantes convidados foram a jurista Eliana Calmon, ministra aposentada do Superior Tribunal de Justiça (STJ) e especialista em Direito Público Administrativo e Tributário; o doutor em Ciências Políticas e especialista em Comportamento Eleitoral e Instituições Políticas, Leonardo Barreto; o diretor Jurídico e de Relações Institucionais da Tigre, Alencar Guilherme Lehmkuhl; e o coordenador do Centro de Apoio da Moralidade Administrativa do MP-SC, doutor Samuel Dal-Farra Naspolini.
De acordo com a jurista Eliana Calmon, ética é questão de sobrevivência. “O brasileiro precisa despertar deste sono profundo e fazer a sua parte. Não podemos mais esperar que o governo resolva tudo. Os políticos não vão mudar. A grande mudança está em nós”, disse. Em sua palestra, mencionou as lições deixadas pela Operação Mãos Limpas, realizada na Itália há 25 anos. “Vivemos no Brasil uma situação muito parecida com a da Itália naquela época, mas a diferença é que o mundo mudou. A participação popular é essencial no combate à corrupção. Mais importante do que ser letrado ou especialista em leis é ser cidadão”, defendeu.
Reputação foi outro tema amplamente explorado durante o Seminário. Doutor em Ciências Políticas e especialista em Comportamento Eleitoral e Instituições Políticas, Leonardo Barreto lembrou que, sem confiança, a indústria não avança. “Confiança está diretamente ligada à reputação, integridade e compliance. A gestão da reputação é um dos maiores desafios para as empresas”, avaliou, citando pesquisas sobre o tema.
“Um estudo sobre integridade e ambiente de negócios revelou, por exemplo, que 30% das empresas afirmaram desconfiar já terem perdido um contrato para um concorrente que pagou suborno e 40% disseram ter desistido de um contrato em razão de terem identificado risco de corrupção”, comentou o palestrante. Consultor da CBIC na elaboração do Guia de Ética & Compliance da Construção Civil, Leonardo lembrou que a intenção do documento é ser um guia prático e aplicável ao dia a dia das organizações.
Para o coordenador do Centro de Apoio da Moralidade Administrativa do Ministério Público de Santa Catarina (MP-SC), doutor Samuel Dal-Farra Naspolini, a luta pela conformidade jurídica e o cumprimento às leis sempre foi um desafio às atividades produtivas. Em sua palestra, falou sobre a Lei Anticorrupção, que trouxe mudanças de paradigmas como, por exemplo, a possibilidade de condenação de pessoas jurídicas. “A corrupção não é um fenômeno individual e muito menos um desvio de conduta de um único profissional. Infelizmente faz parte da estratégia de muitas empresas que se utilizam deste recurso para a manutenção de negócios. Por isso, a punição para pessoas jurídicas prevista na Lei Anticorrupção pode ser considerada uma revolução.”
Diretor Jurídico, de Relações Institucionais e Compliance Officer da Tigre, Alencar Guilherme Lehmkuhl compartilhou com o público as iniciativas da empresa. “A reputação e a imagem afetam diretamente os negócios e, para a Tigre, temas como sustentabilidade, ética e compliance são considerados pilares de crescimento”, comentou.
Além de apresentar as políticas e práticas da Tigre e os motivos pelos quais a empresa investe em compliance, Alencar garantiu que o exemplo que vem da alta direção é a melhor forma de inserir e disseminar o tema na cultura da empresa. Desde 2013, a Tigre conta com um Código de Conduta – atualizado em 2017 – e um Comitê de Ética. “Para ser sustentável, um negócio precisa estar alicerçado em pilares como rentabilidade financeira, respeito ao meio ambiente, responsabilidade social, ética e transparência”, afirmou.
Presidente do Fórum de Ação Social e Cidadania (FASC) da CBIC, Ana Cláudia Gomes também participou do Seminário e falou sobre o trabalho desenvolvido pela entidade nos últimos anos. “A história recente nos mostra que a forma de fazer negócios no Brasil precisa mudar e a CBIC defende a concorrência legal. É essencial aprimorar a discussão sobre ética e compliance nas organizações e atuar diretamente na prevenção dos desvios”, disse.
Na avaliação do presidente do SINDUSCON Joinville, Mario Cezar de Aguiar, os temas ética e compliance não poderiam ser mais atuais. “A sociedade está cansada da falta de honestidade, de compromisso e de valores. Não há mais espaço para desvios de recursos, inverdades e falta de transparência. É preciso modificar este quadro, sob pena de perdermos a esperança de construirmos um país mais justo e igualitário.”
Fonte: Imprensa/Sinduscon- Joinville