São Paulo, 22 de julho de 2020 – Dados de diversas entidades apontam para um aumento nos casos de violência doméstica envolvendo mulheres, menores e idosos durante a quarenta imposta pela pandemia da Covid-19. A Central de Atendimento à Mulher em Situação de Violência, por exemplo, revelou que as denúncias de agressão entre março e abril de 2020 cresceram em 34%.
Angela Nogueira, coordenadora administrativa do Serviço Social do Seconci -SP (Serviço Social da Construção), alerta que a violência doméstica pode deixar sequelas. “Muitas vezes, o agressor não se enxerga dessa forma e normaliza esse tipo de comportamento. O lar deve ser, em teoria, o local mais seguro e acolhedor, mas muitas pessoas convivem com medo e insegurança, o que pode acarretar doenças físicas e emocionais”, explica.
A pandemia tem influência direta no aumento do estresse das pessoas, uma vez que o vírus pode ser letal. Para o psiquiatra da entidade, dr. Clemente Soares Neto, vivemos uma situação constante de ameaça. “O coronavírus tem ameaçado nossas vidas. Estamos vivenciando uma situação em que o nosso corpo, por meio de reações hormonais, está se preparando para se defender. Esse processo nos deixa mais reativos e sensíveis. O convívio cotidiano, por sua vez, deixa em evidência desajustes comportamentais que já existiam, mas eram aliviados pelo convívio social”, ressalta o especialista.
As questões financeiras e o desemprego tendem a aumentar o nível de tensão, bem como a preocupação com a saúde. Outro fator que contribui para esse cenário é a sobrecarga de trabalho. “Durante a quarentena podemos notar que o fluxo de trabalho das pessoas aumentou de forma geral. Além disso, a carga de trabalho doméstico também cresceu, principalmente para mulher, que devido à cultura machista, normalmente não tem ajuda dos filhos e marido. Esses fatores somados causam irritabilidade, o que, por consequência, podem gerar agressões físicas, morais, sexuais, entre outras”, afirma o dr. Soares.
Idosos, crianças e adolescentes também são considerados como grupos vulneráveis a sofrerem com esse tipo de agressão, segundo Angela. “Com o isolamento, crianças e adolescentes podem estar vivendo uma rotina de maus tratos e muitas vezes o agressor é o responsável legal. A terceira idade também costuma sofrer com a violência física, psicológica, patrimonial, entre outras”.
Atento ao cenário, o Seconci-SP disponibiliza atendimento de todos os seus especialistas para dar suporte às vítimas de violência doméstica. A entidade orienta todos os seus colaboradores a procurarem profissionais da saúde para acompanhamentos psicológicos e psiquiátricos, além de orientar sobre os canais de denúncia. As mulheres vítimas de agressões podem recorrer à Central de Atendimento à Mulher, por meio do número de telefone 180. Já crianças e adolescentes são orientadas a acionar a Polícia Militar por meio do telefone 190, enquanto idosos podem recorrer ao canal Disque 100.
Fonte: SECONCI-SP