Agosto, 2020 – O petróleo, recurso mineral que ganhou poder suficiente para enterrar nações e causar grandes batalhas econômicas e políticas no século passado, vem se tornando pauta de muitas discussões entre organizações e países. Durante o mês de julho, o Brasil bateu a marca de 8,19 milhões de toneladas em exportação do minério, em contraposto com o volume de 3,76 milhões vendidos no mesmo período do ano anterior, segundo divulgado dados do governo federal. No entanto, à medida que a crise do coronavírus (covid-19) destrói as economias mundiais e prejudica a demanda, grandes petrolíferas europeias têm feito certas confissões nos últimos meses. Sendo assim, o continente europeu prometeu ser bastante severo com a questão ambiental e, por serem 35% da economia global, sua grande influência poderá fomentar consequências internacionais. Enquanto isso, o mercado de petróleo opera com grandes oscilações a espera da próxima reunião da Opep, nesta quarta-feira (19), para discutir o futuro das exportações.
De acordo com Pedro Paulo Silveira, Economista-Chefe da Nova Futura Investimentos, as discussões em torno do petróleo estão seguindo por lados diferentes que dividem o mercado. “Há algumas semanas, boa parte das empresas de petróleo dos EUA estava tendo sérios problemas, já que esta indústria não se paga à apenas 4 dólares, quanto estava valendo na ocasião. Muito pelo contrário, ela passa a operar no prejuízo. Esse problema faz com que os investimentos na prospecção de novos campos e abertura de meios de exploração parem, porque ninguém vai investir com expectativa de prejuízo. Já nesta semana, a discussão está no fato de que diversas empresas do mundo, particularmente as europeias, estão freando as pesquisas em novos campos e abandonando projetos já iniciados por conta do preço do petróleo e pelo esforço cada vez mais elevado em partirem para opções neutras de carbono. Estamos vivenciando uma agenda bastante forte dos países avançados, com exceção dos EUA, de minimizar os impactos ambientais e neutralizar as emissões de carbono. Evidentemente, isso se reflete nas políticas das empresas de petróleo”, explica.
As metas para 2030 são agressivas, tanto no sentido de substituir os carros a gasolina por elétricos, quanto substituir a geração de energia suja por energia limpa. “Isso irá fazer com que a demanda por petróleo caia, entretanto, as empresas europeias estão na vanguarda das pesquisas sobre o que fazer. Elas são empresas de energia e não apenas petróleo. O Brasil, por outro lado, como um país que insiste em ser emergente, não vai abandonar a proposta de explorar a Amazônia economicamente e transformá-la em um lugar que dê para produzir carne, milho e soja, assim como explorar de maneira bastante intensa os seus imensos campos de petróleo. Nós vamos continuar nessa, porém, o resto do mundo está bastante focado em sair desse risco. Essa questão, tanto do ponto de vista ambiental quanto econômico, não vamos sentir tão claramente no presente. A curto prazo, não teremos grandes mudanças. É como fumar um cigarro, no dia a dia, parece uma maravilha, mas os efeitos disso são acrescentados sem serem perceptíveis e, daqui a pouco, você está com o pulmão praticamente petrificado”, completa o Economista-Chefe.
Fonte: Nova Futura Investimentos