Por Pablo Marlon
Setembro, 2020 – Soluções digitais se espalham pela web na busca da melhor ferramenta digital que possa conectar o construtor, a incorporadora e por fim, o mais importante, o cliente.
A Startup Apto, – uma plataforma online -, que integram construtoras e empreendimentos aos potenciais compradores de imóveis residenciais novos, é um desses marketplace da rede que em tempos de Covid19, as situações adversas, ficaram para trás, como o isolamento social.
Alex Frachetta, CEO do Apto comenta em entrevista para o Portal do Jornal da Construção Civil o uso de 3D, Realidade Virtual e a assinatura de documentação totalmente digital sem burocracia para quem for o comprador 4.0..
JCC – O que podemos atribuir o bom momento do setor imobiliário neste ano de 2020? Os juros baixos? O Covid-19… O que?
Alex – 2020 prometia ser um ano muito bom para o mercado imobiliário, no entanto, a pandemia obrigou o setor a repensar sua estratégia. No contexto de pandemia que vivemos hoje, para continuar tocando os negócios de maneira sustentável, empreendimentos e construtoras estão digitalizando seus serviços e fechando contratos online. Muitas pessoas estão comprando imóveis durante a pandemia e buscando novos projetos, maiores ou mais afastados dos grandes centros urbanos. Por isso, nesse segundo semestre já conseguimos perceber uma retomada do segmento, a partir das atividades que estão voltando aos poucos, possibilitando novos lançamentos. A redução da Selic, por exemplo, também estimula o comprador. As pessoas que estavam com o dinheiro guardado, se planejando há anos para esse momento podem aproveitar o momento para comprar seu novo apartamento. Vale pontuar que para a maioria das pessoas, o espaço entre tomar a decisão da compra e efetuá-la, leva em média seis meses. Ainda assim, o mercado está otimista nesse segundo semestre, bem como para o ano de 2021.
JCC – O trabalho Home Office, acelerado pela COVID-19, de certa forma, fez o cidadão voltar a valorizar sua casa novamente, ou melhor, ter ou querer comprar uma nova residência. O APTO enxerga esses pontos como uma excelente oportunidade para conquistar novos clientes?
Alex – O home office fez com que todas as pessoas e famílias passassem a olhar para seus apartamentos de forma mais analítica. Ao passo que trabalhamos em casa, queremos mais espaço, conforto e, principalmente, nos sentir acolhidos, e não presos. Isso fez com que muitas pessoas começassem a buscar imóveis maiores, de 3 dormitórios, por exemplo. Comparando o 1º bimestre de 2020 em relação aos meses de abril e maio (durante a pandemia), o percentual de busca de imóveis de 3 dormitórios aumentou 6%. Antes da pandemia, a representatividade de pessoas buscando imóveis de 3 dormitórios era de 20% e nesses meses registrou 26%. É uma diferença muita grande para um curto espaço de tempo. A procura por imóveis novos com uma ampla área de lazer foi o diferencial que mais cresceu e aumentou 5% nas buscas. Quando uma pessoa busca dessa forma, está atrás de condomínios clube, com mais espaço. Enfim, são indicativos de que os consumidores estão desejando projetos mais amplos e aconchegantes.
JCC – Os clientes não podem visitar os stands. E agora, como o APTO está fazendo novas soluções?
Alex – Nós somos um site que apresenta os imóveis novos para os compradores. Visando atender melhor quem ainda prefere não sair de casa para fazer visitas, a empresa passou a oferecer visita virtual com Conteúdo 3D pelos apartamentos decorados. Como funciona: quando a construtora solicitar, a startup vai realizar uma sessão de fotos 360º e adicionar o conteúdo imobiliário dentro do decorado virtual. Assim, os usuários podem conhecer mais de perto o imóvel que estão pesquisando. Além disso, eles também vão explicar as plantas dos imóveis, de forma ilustrada, para que cada pessoa entenda melhor como é o espaço do apartamento e o que pode ser feito dentro dele.
Na mesma linha de pensamento decorado 3D, estamos oferecendo também o Tour Open House. Funciona como uma visita ao decorado, porém em formato de vídeo e com a apresentação de uma arquiteta que, além de descrever o projeto, também dá algumas dicas de decoração e bem-estar. Esse formato tem sido bem legal, pois as pessoas podem visitar o decorado e conhecer cada detalhe do espaço, sem precisar sair de casa.
JCC – São Paulo continua sendo o único destaque ou outros estados apresentam sinais positivos para o APTO? Belo Horizonte?
Alex – Além de São Paulo, vimos também que o mercado imobiliário de Porto Alegre, também já voltou a lançar nesse 2º semestre. Em outros estados, o ritmo de lançamentos não tem sido tão acelerado quanto São Paulo.
JCC – O crédito no Brasil sempre é uma dificuldade. O mercado caminha para o fim do trabalho com carteira assinada, que era uma garantia segura tanto para quem comprava, quanto para quem vendia. O APTO analisa qual é o novo perfil do cliente? O comprador empreendedor ainda é raro, ou é restrito a uma região do país?
Alex – O perfil do cliente do APTO é o mesmo de antes da pandemia. Como nós somos nichados em imóveis novos à venda, é raro o perfil variar. Talvez o que mudou foi à necessidade. Nosso público são as pessoas que buscam imóveis seja na fase de lançamento, em construção, ou pronto para morar. Nosso portfólio contempla apartamentos econômicos, médio e alto padrão. Desse modo, alcança diversas rendas e formações familiares.
Percebemos que são os recém-casados, já pensando em ter filhos, e também as famílias com crianças, que estão procurando os imóveis de 3 dormitórios ou com mais área de lazer. Essas famílias querem ter mais distração, sem sair do prédio, além de mais espaço no apartamento para convidar os amigos e parentes.
O comprador que é empreendedor e investidor não é raro. Pelo contrário, tem cada vez mais compradores dentro desse perfil, buscando comprar imóveis para investir. O APTO, inclusive, lançou a ferramenta coleção focada nisso. É comum observar esse perfil de comprador.
JCC – Os imóveis residenciais estão com preços mais baratos ou mais acessíveis?
Alex – Não houve queda de preço em 2020, porém, vimos que muitas construtoras não aumentaram preços. Com isso, somado às quedas na Selic, o mercado imobiliário conseguiu se manter atrativo, mesmo durante a pandemia. Com uma Selic a 2% a.a., a economia real ao comprar uns imóveis passa a ser muito grande.
JCC – Em decorrência do Coronavírus, os grandes centros urbanos do país estão com seus imóveis comerciais vazios. Essa é uma boa oportunidade de transformar os centros comerciais em centros residenciais modernos?
Alex – Na prática, os grandes centros urbanos já tem um mix de projetos bem diversificados. Por exemplo: a Faria Lima é muito comercial, mas, no entorno há muitas residências e o mesmo acontece no Centro e na região da Paulista.
Muitas empresas estão adotando ou vão adotar o modelo híbrido de home office (parte no escritório, parte remoto). Por isso, é possível que muitos imóveis comerciais tenham um aproveitamento mais amplo a partir do próximo ano.