Janeiro, 2021 – Mas extrair minerais valiosos do solo brasileiro não é uma prática ilegal – desde que a extração siga as leis de registro, em áreas aprovadas pelo governo. O superintendente do Grupo MBL, Jerri Alves, explica que é possível encontrar ouro, diamante ou cassiterita, por exemplo, e ganhar dinheiro com isso, sem estar cometendo um crime, mas as consequências podem ser destrutivas e nocivas se não houver cuidado e conhecimento técnico sobre o manuseio adequado do solo.
Segundo o relatório Amazônia Saqueada, da Rede Amazônica de Informação Socioambiental Georreferenciada, na região Amazônica – que envolve Brasil, Bolívia, Colômbia, Equador, Peru e Venezuela – existem 2.557 garimpos ilegais demarcados atualmente.
Ainda conforme o documento, a maioria encontra-se na Venezuela: 1899, com 453 no Brasil, 134 no Peru e 68 no Equador. “Mas é importante lembrar que há muitas áreas de garimpos ilegais ainda não confirmadas, o que torna o cenário ainda mais preocupante”, avalia. Dados do Greenpeace, revelam que 72% de todo garimpo realizado na Amazônia entre janeiro e abril de 2020 ocorreu dentro de unidades de conservação e terras indígenas. O ano de 2019 bateu o recorde de invasões, com um total de 160 ocorrências de invasões e exploração ilegal de terras indígenas.
“Na natureza, os efeitos dessa exploração são devastadores. Afinal, as mangueiras que usam água pressurizada para desmontar barrancos naturais à procura de ouro, deixam imensas crateras, destroem a vegetação e interferem na dinâmica da floresta”, comenta o superintendente. Para ele, o pior efeito é o uso desregrado do mercúrio como purificador do ouro, que contamina água, o ar e os animais, até chegar aos seres humanos.
O garimpo ilegal também pode impactar o cotidiano das populações estabelecidas na área. Para a comunidade indígena, o garimpo ilegal acompanha a violência. “Notícias sobre o avanço de desmatamentos e garimpos ilegais em terras indígenas têm crescido no Brasil recentemente, bem como os assassinatos de indígenas pelos garimpeiros ilegais. É uma situação muito séria e que precisa da atenção da sociedade e do governo”, conclui.