Por Marco Britto
Outubro, 2021 – Após algumas semanas de um crise de imagem de proporção mundial, o Facebook viu na TV, assim como a audiência do canal americano CBS neste fim de semana, o rosto da ex-funcionária que revelou documentos internos da rede social no que hoje é chamado de caso dos “Facebook Papers”, em reportagens publicadas pelo Wall Street Journal.
Frances Haugen, 37, que trabalhou como gerente de produto na equipe de integridade cívica do Facebook, foi entrevistada neste domingo (3/10) no programa 60 Minutes, e acusou a empresa de, entre outras malfeitorias, ter culpa pela mobilização que culminou na invasão ao Capitólio em janeiro, que deixou cinco mortos.
Rumores sobre entrevista da ex-gerente de produto da rede social já corriam pela empresa na sexta-feira (1/10), quando o vice-presidente de assuntos internacionais, Nick Clegg, fez circular um memorando aos funcionários, publicado pelo jornal The New York Times, “preparando-os” para eventualmente responder perguntas de “amigos e familiares” que surgiriam após a aparição de Haugen na TV.
Ex-funcionária afirma que Facebook priorizou lucros em detrimento da segurança
A ex-gerente afirmou que resolveu revelar o que hoje são os “Facebook Papers” pois os documentos provam que o Facebook prioriza repetidamente o crescimento da empresa em detrimento da segurança de seus usuários.
Na entrevista para a CBS, Haugen disse que deixou o Facebook no início do ano após “ficar irritada com a empresa”. Antes de partir, ela copiou memorandos e documentos internos.
“O Facebook repetidamente escolheu otimizar [a plataforma] para seus próprios interesses, como ganhar mais dinheiro”, afirmou a ex-funcionária.
Haugen também falou sobre a invasão de radicais de extrema-direita ao Congresso americano, alegando que o Facebook ajudou a alimentar a violência.
Na avaliação da ex-gerente de produto, o Facebook desativou de maneira irresponsável os sistemas de segurança na rede social usados para reduzir a desinformação durante as eleições nos Estados Unidos (EUA).
“Assim que a eleição acabou, eles os cessaram ou mudaram as configurações para o que eram antes, para priorizar o crescimento sobre a segurança, e isso realmente parece uma traição à democracia.”