Uma pesquisa inédita chamada “Mulheres da Construção Desafios e Oportunidades”, promovida pelo Movimento Mulheres na Construção, mostra que as profissionais estão ganhando mais espaço e reconhecimento no setor de construção civil ao apontar que 78% das entrevistadas relataram mais oportunidades de crescimento pessoal e profissional através de cursos, flexibilidade no trabalho, possibilidades de home office, aumento de salários e escolaridade. O estudo foi apresentado, na quarta-feira (30), durante o Fórum de Mulheres no Matcon, destaque da FEICON 2022, a mais importante feira da construção civil da América Latina.
No intervalo de 14 anos, o número de trabalhadoras formais no setor cresceu de 521.118 para 782.593, entre 2006 e 2020. Apesar da ascensão, os índices indicam que a evolução participativa ainda precisa melhorar em segmentos como a indústria, que teve aumento de 3% no período; construção, 2,7%; comércio, 4% e outras atividades profissionais,1,6%, segundo dados apresentados durante a divulgação do trabalho.
Realizada, entre os dias 7 e 18 de março, com 195 participantes de todas as regiões do país, a pesquisa teve como objetivo entender os obstáculos, prioridades e trazer parâmetros para impulsionar o setor. “Os resultados estão saindo do forno e compõem o perfil de mulheres de 21 a 72 anos ativas na área”, afirmou Katia Ratinieks, Diretora da Skats Consultoria em Pesquisa de Mercado, responsável pelo estudo.
Entre os desafios está a igualdade de oportunidades, já que na construção civil, elas representam apenas 10,2% da mão de obra empregada, enquanto na indústria e no comércio do setor a participação é de 19,2% e 24,7%, respectivamente. “Nos serviços de arquitetura é onde o percentual é mais equilibrado. As profissionais atingem o índice de 42,2% das ocupações”, acrescentou Ratinieks. A pesquisa também aponta que 7 já em cada 10 mulheres já foram alvo de discriminação de gênero no trabalho.
Além da consultora Kátia Ratinieks, o grupo Conexões Mulheres da Construção é formado pela empresária Luciana Carmo, a gerente de Vendas Isabel Alencar, a jornalista Beth Bridi e a engenheira civil, professora universitária e influenciadora digital Izabella Valadão.
Protagonismo feminino
A pesquisa não foi o único destaque que teve o protagonismo feminino como ponto alto. A liderança também ganhou espaço com a palestra “O impacto da tecnologia e da inovação no varejo”, conduzida por Regiane Romano, Diretora do 5G Smart Campus e Diretora de Inovação da VIP Systems, que atua no desenvolvimento de tecnologias, e coordenadora do premiado projeto Smart Campus Facens, que aplica o conceito e ferramentas de cidades inteligentes no campus universitário. Na apresentação, a especialista mostrou como a Internet das Coisas (IOT) tem potencializado os negócios com exemplos como o uso de robôs para limpeza e realização de inventário nas lojas e estoques, câmeras que possibilitam identificar e conhecer o consumidor.
“Pela inteligência artificial conseguimos verificar o movimento dos olhos, da boca e entender se essa pessoa está surpresa ou se não gostou do preço. Então é possível entender e personalizar a apresentação e todo o conteúdo da loja de acordo com o que público que está olhando. Podemos usar esta tecnologia para personalizar, em tempo real, tudo o que a pessoa está vendo, como jogar uma determinada cor em uma parede de uma casa ou um móvel, utilizando a área de visão computacional, de realidade aumentada e de realidade virtual”, apresentou Romano.
Sobre as perspectivas, a especialista destacou a possibilidade de integração de serviços por meio de recursos de IOT. “Será possível impactar indústria, a logística, a saúde, nos serviços públicos, nas áreas de finanças, de energia, de transportes, agricultura e cidades inteligentes. Esta integração vai começar dentro das nossas casas com os produtos comercializados pela construção civil, com iluminação privada e pública. Teremos segurança, controle de irrigação, alarmes inteligentes e todas essas possibilidades chega à indústria, colocando em prática a parte de robótica, de simulações, interações, computação em nuvem, sensores, impressoras em 3D, realidades aumentada e virtual, metaverso. E isso chegará nas cidades, com distribuição elétrica e manutenção predial em BIM.”, explicou a especialista em tecnologia.
Em termos de empreendedorismo feminino, um dos destaques do “Meet the CEO – líderes das empresas falam sobre as perspectivas e oportunidades” para o setor, foi a apresentação da empresária Luciana Carmo, criadora Achei4you, marketplace da construção civil que disponibiliza desde profissionais para prestação de serviços e vagas de emprego à comercialização de produtos. A plataforma foi desenvolvida durante a pandemia para ajudar o setor.
“Enxergamos as oportunidades e também os desafios do mercado e levamos isso para uma plataforma para conectar prestadores da construção com o consumidor final. E com isso, principalmente, aproximamos indústria com clientes e distribuição. Repensamos a forma de fazer marketplace em um cenário que ainda não tem 6% do setor digitalizado”, explicou Carmo.
A especialista dividiu o palco com Bia Kern, CEO da ONG Mulher em Construção, entidade que nasceu em 2006 com o propósito de empoderar as mulheres e tem atuado na ampliação de espaços e capacitação, incluindo parcerias com as empresas. “A nossa proposta é fazer com que essas mulheres lutem junto com os melhores profissionais, lado a lado”, ressaltou.
Participaram do encontro Juliano Ohta, CEO da Telha Norte; Marcio Atz, CEO da Pincel Atlas; e Daniel Geiger Campos, Presidente da AkzoNobel para América Latina. O Fórum Mulheres no Matcon foi realizado durante o Encontro VMC – Varejo de Materiais da Construção, parceria da FEICON com a Associação Nacional dos Comerciantes de Material de Construção (Anamaco) e curadoria da WE Business Experience.
Produtos para atuação feminina
Não foram apenas as palestras que destacaram o movimento das mulheres na construção civil, o mercado tem acompanhado e oferecido soluções voltadas para a atuação das profissionais.
Desenvolvedora de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) para construção civil, a Marluvas levou à feira calçados de segurança femininos. “Desenvolvemos botas com design mais suave e variedade de cores que agradam a esse público, mantendo todas as características de proteção. Consideramos o crescimento das mulheres que trabalham nas construções, as engenheiras e arquitetas e temos nos surpreendido com a recepção positiva do público”, afirmou Daniele Belchior, coordenadora de desenvolvimento de produtos.
Para mais informações acesse: https://www.feicon.com.br .