No dia 23 de junho é celebrado o Dia Internacional das Mulheres na Engenharia. A data, que foi criada pela Women’s Engineering Society (WES), tem o objetivo de apoiar e inspirar mulheres a ter sucesso nesta profissão. Mesmo com a iniciativa, atualmente o mercado consta apenas 19% dos registros femininos ativos de todos os conselhos regionais do país, sendo 183.601 mulheres, segundo dados do Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (Confea) de 2021.
Comparado com a presença feminina no mercado, o público masculino se sobressai com 793.759 homens em atuação, correspondendo a 81% do total. Vendo essa diferença, várias empresas do setor vêm trabalhando, dando espaço e cargos mais elevados para o público feminino em obras e projetos, e essas oportunidades vêm sendo assumidas com total credibilidade pelas profissionais.
É o caso da engenheira civil Laís de Oliveira, que atua como gestora de projetos da Toctao Engenharia, em Goiânia. Segundo ela, mesmo sendo um trabalho desafiador, com constante solução de problemas e com superação dia após dia, estar nesta posição é de muita honra para a classe feminina.
“Já enfrentei situações em que as pessoas subestimaram a minha capacidade de tomar frente de determinados assuntos e tomadas de decisões por ser mulher e jovem, principalmente no início da minha formação. Tive que batalhar muito para provar que eu era capaz de assumir as responsabilidades”, relata a profissional.
Mesmo com todas as dificuldades, Laís vê que atualmente é possível perceber uma mudança na forma das pessoas enxergarem a mulher na engenharia. Contudo, ainda encontra pelo caminho muitos que demonstram resistência ao serem coordenadas por mulheres. “A mulher tem ocupado cada dia espaços melhores e mais altos, porém ainda é possível perceber discrepâncias, principalmente quando se refere à remuneração”.
Marina Ramos, que é engenheira civil e responsável por uma obra da GPL Incorporadora, também já passou pelos mesmos problemas no seu campo de atuação. Mas agora, com a abertura de mais oportunidades, ela não é a única em sua área de trabalho. “No meio onde estou tenho outras colegas sim, como engenheiras, arquitetas, estagiárias, técnicas de segurança, auxiliares de limpeza e algumas que trabalham diretamente na execução da obra, juntamente com outros homens”.
Analisando todo o mercado e a inserção das mulheres na engenharia, Marina diz que nos últimos anos elas conquistaram patamares que antes eram alcançados somente por homens e isso se torna uma conquista para todas. “Em áreas ainda muito dominadas por eles, devemos ter o pulso firme e provar que nós somos tão capazes quanto. Porque além de sermos engenheiras, também assumimos papéis em casa. Isso é sinal que portas foram abertas e que conseguimos entregar nosso trabalho com eficiência”, comenta.
Sobre o que pode ser feito para melhorar o mercado para as mulheres, a gestora de projetos da Toctao, Laís de Oliveira, fala que o respeito e a subordinação é um dos pontos que devem ser investidos, até mesmo entre as mulheres. “Infelizmente o machismo e cultura desrespeitosa enraizados na sociedade afetam também as relações femininas, que em muitos casos não apoiam as lideranças do próprio gênero”. Ela acrescenta que o baixo grau de instrução ainda é um ponto a ser tratado para que as relações de respeito possam ser melhor desenvolvidas.
“O que se faz necessário mesmo é que as pessoas tenham a mente aberta, um desenvolvimento diário, através da oferta de oportunidades a fim de que as mulheres demonstrem do que são capazes e continuem provando o seu valor em todas as áreas da sociedade”, finaliza Laís de Oliveira.