Por Gabriel Santana – Santos FC
Ele não era desse mundo. Tinha um dom único, e outro igual, jamais será visto. Nasceu em Três Corações, no dia 23 de outubro de 1940, mas foi em Santos, que se tornou a Majestade do Futebol.
O Rei nos deixou, mas o seu reino e seus súditos estarão aqui eternamente, para contar os seus feitos e preservar e reverenciar para sempre o seu exímio e inigualável legado.
Desde criança, Pelé já sabia o que estava programado para o seu destino, e o DNA do futebol, já estava presente dentro de sua família. Seu pai, Dondinho, era um grande atacante conhecido em Minas Gerais. E devido às trocas de equipes do artilheiro, além de sua cidade natal, Pelé morou em outros três municípios antes de chegar a Santos: Lorena, São Lourenço e Bauru.
E foi em São Lourenço que o famoso apelido chegou ao menino Edson. A cidade localizada no sul de Minas Gerais tinha uma equipe chamada Vasco, e o seu goleiro chamava-se Bilé, de quem o pequeno Edson se tornou fã. Como costumava brincar de goleiro com o pai e ao defender a bola exclamava “defende Pilé”, o menino passou a ser chamado por “Pelé”.
Já na cidade de Bauru, Aos sete anos, Pelé ingressou no primário, e o garoto levava sua bola de meia na bolsa para matar as aulas no campinho atrás do velho estádio do Noroeste, principal time de Bauru. Ele e seus colegas disputavam jogos na base do “seis vira, doze acaba”.
Em 1950, começou a trabalhar como engraxate para ajudar em casa, e foi nesse mesmo ano, em que Pelé viu seu pai chorar pela primeira vez, após o Brasil perder a Copa do Mundo para o Uruguai, em pleno Maracanã. E com nove anos e nove meses, foi ao quarto dos pais e prometeu que ainda seria campeão do mundo.
Já em 1956, o ex atacante e técnico Tim, tentou levar Pelé para o Bangu, mas após uma reunião com Dondinho e Celeste, mãe de Pelé, a proposta foi recusada. Meses depois, o também ex-jogador Waldemar de Brito tentou levar Pelé, e dessa vez, tudo ocorreu bem. Waldemar alegou que no Santos o menino teria mais chances do que em qualquer outro clube. E Dona Celeste acabou cedendo, com a condição de que o próprio Waldemar acompanhasse o filho.
No dia 22 de julho de 1956 ele chegou na Vila Belmiro, e no dia 7 de setembro, estreou e marcou seu primeiro gol com a camisa santista, em uma partida amistosa contra o Corinthians de Santo André, onde o Santos FC saiu vitorioso pelo placar de 7 a 1.
Um mês depois de sua primeira partida pelo profissional, ele atuou pelo time de juniores, e perdeu um pênalti na final do campeonato santista da categoria, diante do Jabaquara, e foi muito vaiado por isso. Dias depois acordou cedo, arrumou as malas e estava abandonando o clube para voltar definitivamente a Bauru, quando foi impedido por Sabuzinho, filho da cozinheira do Santos, que acordava cedo para fazer a feira.
Nos primeiros meses de treinamento, Pelé ficou conhecido como Gasolina, apelido recebido dos veteranos da equipe, como Zito e Vasconcelos.
E no dia 9 de dezembro de 1956, enquanto o garoto de Três Corações assistia ao clássico contra o São Paulo, na Vila Belmiro, viu o craque Vasconcelos, titular da meia-esquerda do Santos e um dos melhores da posição no país, sair de campo com o fêmur fraturado. O acidente daria a Pelé a oportunidade de jogar entre os profissionais no ano seguinte.
E assim, o Rei iniciava a mais bela trajetória de um atleta de futebol.
Foram 49 títulos envergando a camisa 10 do Santos FC. Entre todos os títulos, os principais foram: Mundial Interclubes (1962-1963), Taça Libertadores (1962-1963), Campeonato Brasileiro (1961-1962-1963-1964-1965/1968), Torneio Rio-São (1959/1963-1964/1966), Campeonato Paulista (1958/1960-1961-1962/1964-1965/1967-1968-1969/1973) Recopa Sul-Americana (1968) e a Recopa Mundial (1968). Ao todo, foram 1.116 jogos e 1.091 gols com a imaculada camisa branca.
Despediu-se do Santos FC como atleta no dia 2 de outubro de 1974, durante a partida contra a Ponte Preta pelo Campeonato Paulista. O time santista venceu por 2 a 0, e a imagem de Pelé se ajoelhando no gramado, foi imortalizada.
Com a camisa da Seleção Brasileira, conquistou o Tricampeonato Mundial (1958/1962/1970), e mudou a história do futebol brasileiro. Até hoje, ele é o único a conquistar três vezes a maior competição de futebol do mundo.
A história do Santos FC e a do Rei Pelé estarão para sempre interligadas. Juntos, conquistaram o mundo, e as histórias do Clube e do Atleta se confundem, trilando o mesmo caminho e chegando ao mais alto patamar possível.
Pelé será para sempre único e eterno. Suas histórias e seus feitos transcenderão a qualquer tempo, espaço e planeta, pois como já sabemos, ele não era desse mundo.
Texto publicado originalmente no site SANTOS FC