Uma política industrial ativa, moderna, competitiva, conectada à necessidade de transição energética e capaz de gerar boas condições de trabalho e remuneração aos seus funcionários. Foi com esse horizonte que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva se dirigiu a uma plateia de empresários na sede da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP), em evento que marcou o Dia da Indústria nesta quinta-feira, 25/5.
“Nós precisamos fazer uma política industrial ativa e altiva, competitiva, moderna, que leve em conta os avanços tecnológicos. Para ter um país forte, uma indústria forte, é preciso trabalhadores fortes, ganhando salários justos e podendo ser consumidores das coisas que produzem”, disse o presidente. Ele ressaltou que o fortalecimento do setor não implica uma queda de braço com outras áreas.
“A gente quer que a indústria cresça, mas a gente quer que a nossa exportação de commodities continue crescendo. A gente quer que o nosso agronegócio continue crescendo. É importante a gente ter em conta que o Brasil precisa também de ser exportador cada vez mais de grãos, de carne, das coisas que sabemos produzir. Isso não atrapalha a indústria”, declarou Lula.
Mais cedo, no Palácio do Planalto, o presidente se encontrou com representantes do setor automotivo e anunciou que o governo pretende reduzir impostos que vão permitir reduzir em até 10,96% o preço de carros de até R$ 120 mil. A iniciativa faz parte de um conjunto de medidas para aquecer a indústria brasileira. Os detalhes serão apresentados em junho e levam em conta critérios sociais e ambientais.
RETOMADA – Anfitrião do evento, Josué Gomes, presidente da FIESP, lembrou que entre os anos de 1940 e 1980 a indústria puxou o crescimento do país de forma vertiginosa e garantiu a entrada do Brasil no grupo das dez maiores economias do mundo. A indústria alcançou quase 30% de participação no PIB do país. Nas últimas quatro décadas, contudo, a indústria estagnou e hoje responde por cerca de 23% do PIB, segundo informações do Portal da Indústria.
“É urgente interromper o processo de desindustrialização. Estamos criando as condições para que o nosso mercado interno de consumo recupere o vigor. Para que, assim como ocorreu até meados da década passada, ele volte a ser um dos principais motores a impulsionar a roda de nossa economia”, disse Lula.
O encontro da FIESP reuniu diversas autoridades, entre elas o ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços e vice-presidente da República, Geraldo Alckmin; o ministro da Fazenda, Fernando Haddad; e a ministra da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos, Esther Dweck.
Também estiveram presentes o presidente do Senado Federal, Rodrigo Pacheco; o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante; o presidente da Confederação Nacional da Indústria, Robson Braga, além de parlamentares e outras autoridades.
REFORMA TRIBUTÁRIA – Tanto o ministro Fernando Haddad quanto o vice-presidente Geraldo Alckmin destacaram em seus discursos que a reforma tributária é fundamental para que a indústria brasileira volte a crescer.
“Nós queremos apoiar a indústria, sabemos do papel da indústria para o desenvolvimento nacional. Não há como crescer a produtividade no Brasil com esse sistema tributário. O que queremos é ter uma regra estável, em que o Estado saiba quanto investir, quanto gastar, e os empresários saibam se planejar no médio e longo prazo. Os investimentos hoje exigem um prazo de planejamento e de previsibilidade que o sistema tributário atual não consegue oferecer”, afirmou Haddad.
Geraldo Alckmin elencou uma série de benefícios que virão a reboque da reforma tributária. “Vai dar um salto de eficiência, redução de custo Brasil, simplificação, ajudar a exportação e, enfim, dar um passo importante”, reforçou o vice-presidente.
BNDES – Neste Dia da Indústria, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social – BNDES anunciou uma série de medidas para fortalecer as atividades industriais do país. Uma delas assegura redução de até 60% nas taxas praticadas na linha de financiamento voltada para produção de bens nacionais para exportação para micro, pequenas e médias empresas. As taxas passam de um patamar entre 0,80% e 1,30% ao ano para uma faixa de 0,50% a 0,80% ao ano, o que garante melhores condições para as empresas produzirem e exportarem.
Já as empresas com receita em dólar ou atrelada à variação cambial terão até R$ 2 bilhões para financiar a aquisição de máquinas com taxa fixa em dólar. Além disso, o BNDES anunciou R$ 20 bilhões para financiamento de projetos inovadores de pesquisa e desenvolvimento (P&D) com juros de 1,7% ao ano e prazo de dois anos de carência. “Vai ter dinheiro para inovação do BNDES a custo barato. Subsídio não é jabuticaba. Transparente, ele é indispensável neste pós-pandemia”, afirmou Aloizio Mercadante.