Por Severian Rocha
Rio, Agosto, 2023 – O setor da construção civil é uns dos setores econômicos mais importante do mundo. Há uma lógica defendida por alguns especialistas que todo país forte possui uma indústria da construção forte e robusta, gera renda, emprego e desenvolvimento em qualquer região. No Brasil, não é diferente, o setor continua forte e vem se mostrando um grande motor da economia nacional, especialmente durante e pós pandemia da COVID-19(2020/20221), quando incertezas rondavam o mundo em decorrência da pandemia. Era uma doença desconhecida é letal.
Numa cadeia produtiva que engloba mais 93 setores produtivos que vai desde do emprego formal, passando pelas grandes obras de infraestrutura, saneamento, energia, fabricação e produção de insumos, varejo, construção de edificações residenciais e comerciais, formação profissional, tecnologia entre outros segmentos econômicos o setor se mantém estável.
Em outra perspectiva, segundo dados da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), em 20222, o PIB da Construção atingiu, além de gerar mais de 190 mil empregos formais, com carteira assinada. O ritmo está tão favorável para o setor que neste ano de 2023, a construção já gerou mais de 121 mil empregos, fazendo o setor liderar o ranking na geração de empregos no primeiro semestre deste ano (Fonte: Ministério do Trabalho/CAGED). O Estado do Rio de Janeiro é o terceiro na geração de empregos na construção, com 41 mil vagas criadas, perde só para Minas Gerais(2º) e São Paulo(1º).
Entretanto, nos últimos meses alguns problemas estavam dificultando seu crescimento, a demora da volta dos investimentos públicos em infraestrutura, a alta taxa de juros, no momento mantida pelo Banco Central em 13,25% (o BC diminuiu em 0,50%), alguns entraves políticos internos, como a aprovação do ARCABOUÇO FISCAL, além da guerra da Ucrânia-Rússia. Em decorrência destes entraves, o presidente LULA lançou no Rio de Janeiro o Novo Programa de Aceleração do Crescimento (NovoPAC), que terá R$ 1,7 Trilhão para investimentos em diversos eixos de desenvolvimento no país: Habitação, como o Minha Casa Minha Vida, Construção de Unidades Básicas de Saúde, obras em rodovias, escolas, mobilidade urbana, setor energético e demais ações de impacto real na economia. O NovoPAC pretende gerar mais de 4 milhões de empregos. O programa está sob chancela do Ministro Rui Costa, Chefe da Casa Civil.
Seguindo um novo caminho ou melhor trabalhando com um olhar moderno, inovador e atento às mudanças por qual passa o setor da construção civil, no estado do Rio de Janeiro entrevistamos o presidente do SINDUSCON-RIO, Claudio Hermolin que atendeu nossa equipe e respondeu algumas perguntas:
Jornal da Construção Civil – Presidente, qual olhar de hoje e para o amanhã da construção no estado do Rio de Janeiro?
Claudio – Olhando para nossa construção civil, eu vejo um mar de oportunidades para nós melhorarmos a nossa produtividade, nossa capacitação, atratividade e mão de obra. A Indústria vai continuar sendo a locomotiva de transformação do nosso estado, da nossa cidade e do nosso país. É uma indústria hoje que é a maior geradora de empregos com carteira assinada. Isso tem um benefício social imenso porque a gente trabalha com uma massa enorme de trabalhadores na base da pirâmide economicamente ativa.
Olhando sob ponto de vista do público é fundamental que a gente tenha o apoio do setor público no sentido de gerar menos burocracia, menos entraves e mais facilidade para o desenvolvimento do setor através de leis tanto municipais quanto projetos habitação de interesse social como o que está sendo desenvolvido pelo Estado do Rio de Janeiro.
Jornal da Construção Civil – O novo Minha Casa Minha Vida, atualizado com muitos ajustes atende melhor o setor da construção no estado do Rio de Janeiro? O novo valor máximo passou para R$ 350 mil ?
Claudio – O Novo Minha Casa Minha Vida, ele atualiza algumas questões que vinham impactando o avanço do programa como o crescimento do custo da construção, com o avanço também, o aumento da mão de obra e as novas normas e regras do Programa atualizam essa questão quando você aumenta o valor do preço de venda, das casas, chegando a R$ 350 mil e, aumenta o subsídio. Eu costumo dizer que a economia, a construção civil ela é dinâmica. Então, os custos da construção, eles se alteram, a dinâmica de disponibilidade de terrenos, de mão de obra se altera. E as regras do Programa não podem ficar engessadas, elas precisam acompanhar essa dinâmica da economia e da indústria da construção civil.
Jornal da Construção Civil – Aproveitando o novo Minha Casa Minha Vida, na região do Centro do Rio, teremos o MCMV? O Projeto Reviver Centro, que visa reocupar a região com moradias é o caminho?
Claudio – A questão dos centros urbanos, ele é um desafio, que nós como Sinduscon-Rio já mapeamos há algum tempo. Muito antes da pandemia já tínhamos feito um levantamento que indicava que mais de 4 mil imóveis estavam vazios, abandonados e desocupados no Centro da Cidade, demostrando então ainda há época, necessidade de uma política pública que incentivasse novamente o Centro da Cidade e isso surgiu depois da pandemia, porque durante a pandemia esse cenário ainda piorou. Então, surgiu o Reviver Centro, um projeto de lei que foi desenhado pelo poder executivo municipal em parceria com o setor e depois aprovado na câmara municipal da cidade do Rio de Janeiro, que visa estimular a revitalização do Centro através da construção de moradias. O que entendemos é uma medida acertada porque a moradia, ela traz movimento, traz gente, ela traz consequências positivas como o incentivo a aberturas de negócios, serviços, a própria segurança pública melhora no momento que você tem mais movimentação de pessoas no Centro. Então, passa a ser um ciclo virtuoso que certamente vai trazer frutos no médio longo prazo, porque nós temos que bom lembrar, o setor é um setor de ciclo longo, de ciclo de 5,2 anos. Então, em breve começaremos a ver os primeiros projetos do REVIVER CENTRO sendo entregues e ao longo dos próximos anos também um aumento no volume da lançamentos de residenciais nessa região.
Jornal da Construção Civil – Esses juros atuais no patamar de 13,75% é a grande dor de cabeça do setor da construção?
Claudio – Fator Juros: Tivemos uma redução agora uma boa notícia da redução em 0,50% percentual caindo de 13,75% para 13,25%. É um entrave para o crescimento da indústria no momento que você encarece a obtenção de recursos, financiamentos, de investimentos para produção. Ao mesmo tempo que você encarece também os juros para obtenção da casa própria através de financiamento bancário. No momento em que você sinaliza, um momento de queda de juros, é aí muito menos o 0,5% mais sim uma sinalização de que a curva começa a uma descendente, isso dá um ânimo para o mercado para produzir ainda mais e obviamente para as pessoas terem mais acesso ao crédito.
Jornal da Construção Civil – Fale um pouco do Rio Construção Summit que acontece no mês de setembro na região do Porto Maravilha?
Claudio – O Rio Construção Summit que vai acontecer nos dias 19, 20 e 21 de setembro no Píer Mauá, ele vai trazer para o Rio de Janeiro o centro das discussões relativas a indústria da construção. Seja para fornecedor, seja empresa, empresários estudantes de engenharia, arquitetura, todos os profissionais envolvidos nessa grande esteira, que é a indústria da construção estarão presente no Rio nesses três dias, discutindo sobre novas tecnologias, tendências sobre transformação digital, sobre a questão da sustentabilidade, novos modelos construtivos, capacitação da mão de obra, a necessidade que a gente tem de melhorar a atratividade para a indústria dessa mão de obra jovem, que tem cada vez mais opções dentro do mercado com a transformação digital. É principalmente trazendo para o Rio de Janeiro exemplos de boas práticas em todas essas linhas de discussões inclusive no debate público e privado. Nós entendemos que o setor tem um impacto muito grande na economia da cidade, do estado e do país consequentemente ela precisa está de mãos dadas com o setor público. Então, esse diálogo permanente do público e privado para entender de que forma nós tornar nossa indústria cada vez mais atrativa para o investimento, atrativa para o crescimento das cidades, absorção para mão de obra, para transformação dos espaços ociosos ou crescimento de novas áreas é fundamental. Nós temos hoje um país de proporções, um déficit habitacional que é uns dos maiores do planeta, uma carência enorme de infraestrutura, em todas ás áreas, seja na área rodoviária, portuária ou aeroviária, então tudo isso será tema de discussão ao longo dos 3 dias do Rio Construção Summit.
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