A construção industrializada age como uma importante aliada na redução do déficit habitacional do país
A continuação do Programa de Reurbanização de Favelas da Prefeitura de São Paulo, através da Secretaria de Habitação, recentemente resultou na ampliação do Conjunto Habitacional Heliópolis. Desenvolvido pelo escritório Biselli Katchborian Arquitetos Associados, o projeto de 31.000 m² utilizou mais de 86 toneladas de aço e destaca-se como um exemplo inovador de arquitetura e urbanismo na cidade de São Paulo.
O novo bloco residencial, composto por 221 apartamentos em cinco pavimentos, enfrentou o desafio de adensamento sem a possibilidade de utilização de elevadores. Para superar essa limitação, os arquitetos aproveitaram o desnível da rua adjacente e implementaram térreos diferenciados para cada edifício, acompanhando as cotas variáveis do terreno. A escolha do sistema construtivo em aço, com laje em steel deck, para as passarelas metálicas proporcionou eficiência e durabilidade à obra. “Essas estruturas permitiram a propagação dos diversos térreos entre as torres, viabilizando a quantidade de unidades habitacionais exigida pela SEHAB, sem a necessidade de elevadores”, explica o arquiteto Artur Katchborian.
Ou seja, o uso do aço nas passarelas contribuiu para a valorização estética e funcional do conjunto habitacional. “O projeto buscou garantir uma melhor incidência solar e uma boa ventilação nos espaços entre os edifícios. O recuo máximo entre as torres permitiu um maior aproveitamento da luz solar, com o pátio interno funcionando como um extrator de ar quente por convecção, a fim de contribuir para a circulação do ar e um ambiente mais fresco e agradável aos moradores”, relata o arquiteto.
Para o Centro Brasileiro da Construção em Aço (CBCA), o sucesso do projeto, com o uso do aço nas passarelas, indica que esse sistema construtivo pode se tornar não apenas uma tendência para futuros empreendimentos habitacionais, mas também um facilitador para problemas de déficit habitacional. Segundo dados do IBGE, em 2022, o Brasil contava com cerca de 17,4 milhões de habitantes em situação de déficit habitacional, indivíduos que se caracterizam por viver em habitações precárias, coabitação ou ainda sob ônus excessivo com aluguel. O número é equivalente a quase toda a população do estado do Rio de Janeiro.
O CBCA também avalia que o projeto do conjunto habitacional Heliópolis deixa um legado significativo para a região e para a cidade de São Paulo, pois além de proporcionar mais qualidade de vida, o empreendimento estabelece um novo padrão de exigência para habitações populares. “Heliópolis demonstra como é possível combinar eficiência, sustentabilidade e design arrojado em projetos habitacionais de grande escala, atendendo às necessidades imediatas da população. As moradias são, portanto, um passo importante para a criação de comunidades mais justas em um cenário urbano de constante evolução”.