Em projeção para 2024, relatório da Organização Internacional do Trabalho (OIT) revela que a taxa de desemprego global deverá aumentar, junto com as desigualdades. GT sobre Emprego elaborou diretrizes alinhadas com o cenário global e propõe saídas para o panorama preocupante.
Aproximadamente 435 milhões de trabalhadores estarão em busca de emprego em 2024, estima o Relatório Emprego Mundial e Perspectivas Sociais: Tendências para 2024 da OIT – Organização Internacional do Trabalho. O estudo também mostra que mesmo com a redução do desemprego no pós-pandemia da Covid-19, os salários diminuíram na maioria dos países do G20, já que os resultados positivos não conseguiram acompanhar o ritmo da inflação. Para a agência das Nações Unidas, o cenário é preocupante e pouco possível que melhore no curto prazo.
Entre os países do G20, apenas a China, a Rússia e o México registraram crescimento salarial real em 2023. Ano passado, os chineses e russos ainda alcançaram crescimento da produtividade entre os mais elevados entre os países-membros. Nos demais, os trabalhadores viram o valor da remuneração real cair. A redução foi ainda mais acentuada no Brasil (6,9%), na Itália (5%) e na Indonésia (3,5%).
Maíra Lacerda e Silva, coordenadora do GT de Emprego do G20 e responsável pela cooperação técnica internacional do Ministério do Trabalho e Emprego do Brasil (MTE), avalia que o cenário descrito pelo relatório é reflexo tanto da crise global como dos desequilíbrios estruturais no mercado de trabalho, que se agravaram em contextos problemáticos. “Nunca houve equidade de gênero no mercado de trabalho, por exemplo. A população mais vulnerável tende a sofrer mais o impacto da crise climática e econômica. O relatório nomeia esses temas estruturantes, advertindo de que não é possível saná-los no curto prazo e sugerindo aos governos esforços suplementares para lidar com esses desafios”, considerou Lacerda.
“Nunca houve equidade de gênero no mercado de trabalho, por exemplo. A população mais vulnerável tende a sofrer mais o impacto da crise climática e econômica. O relatório nomeia esses temas estruturantes, advertindo de que não é possível saná-los no curto prazo e sugerindo aos governos esforços suplementares para lidar com esses desafios”, considerou Lacerda
De acordo com Gilbert F. Houngbo, Diretor-Geral da OIT, as tendências de emprego global preocupam pois ainda há escassez significativa de trabalho digno; o número de trabalhadores no mercado informal ultrapassou a marca dos 2 bilhões, registrando 2.19 bilhões em 2023. Atualmente, mais de 241 milhões de trabalhadores vivem em famílias com renda per capita inferior a 2,15 dólares por dia.
“O crescimento da produtividade e os padrões de vida também não melhoraram. É particularmente preocupante que isto aconteça apesar do progresso tecnológico. Estamos assistindo a desequilíbrios crescentes nos nossos sistemas econômicos e sociais, que representam um sério desafio ao objetivo de uma transição equitativa e justa para um futuro sustentável”, salientou Houngbo.
O relatório recomenda que, para a mudança deste cenário, é preciso que os governos se esforcem por uma coordenação internacional “eficaz para enfrentar os principais desafios económicos, ecológicos e sociais”, com foco no aumento da produtividade e da qualidade de vida. O texto encoraja as ações em debate no G20 sobre aprimorar o uso dos fundos multilaterais de desenvolvimento para apoiar economias mais frágeis.
Consenso para soluções
Frente aos desafios, o GT de Emprego, que compõe a Trilha de Sherpas do G20, busca desenvolver ações para a criação de empregos de qualidade e promoção do trabalho decente, garantindo a inclusão social para eliminar a pobreza. Coordenado pelo Ministério do Trabalho e Emprego durante a presidência brasileira do fórum, o grupo discute as influências das tecnologias e seus impactos para o emprego e renda, melhoria da qualidade de vida na sociedade, o estímulo à diversidade e a equidade de entre homens e mulheres no mundo do trabalho.
A coordenadora explica que o grupo está alinhado à realidade apresentada no relatório da ONU e busca soluções concretas para superar os desafios dos países-membros do fórum e tem como prioridade ações promover o trabalho decente como meio de inclusão social e combate à pobreza. “O objetivo aqui é que pensemos em políticas que não busquem pura e simplesmente o aumento da taxa de ocupação, mas que busque e incentive a criação de empregos de qualidade, essencial à inclusão e ao combate à pobreza”, explicou Maíra.
Além disso, o GT quer propor debates sobre medidas para o fortalecimento do sistema de seguridade social por meio da promoção de empregos de qualidade e pela igualdade entre homens e mulheres no mercado de trabalho.
Fonte: Boletim G20