Haverá falta de insumos para a reconstrução do Rio Grande do Sul?

Especialistas do setor de concreto respondem à pergunta – que ainda não foi feita – e afirmam que, apesar de tudo, esta é uma boa oportunidade para o surgimento de novas tecnologias construtivas

Assunto deverá constar da pauta de discussões da 15ª edição do Concrete Show

Concrete Show, julho de 2024 – Parte das cidades do Rio Grande do Sul ainda se encontra embaixo d’água. Mas, em lugares em que os níveis estão baixando, começa a surgir um cenário desafiador: casas, ruas, estabelecimentos comerciais e indústrias se apresentam totalmente destruídos. Além disso, há um sem-número de pontes e estradas que, ao não resistirem à força imposta pela Mãe Natureza, deixaram localidades inteiras isoladas, impedindo, inclusive, a circulação de mercadorias, levando ao desabastecimento. E tudo isso faz aflorar um senso comum de urgência na reconstrução do estado. No entanto, há uma pergunta que, apesar de ainda não ter sido feita, cedo ou tarde surgirá: poderá faltar insumos para a reconstrução do Rio Grande do Sul?

E para tentar respondê-la, o Concrete Show conversou com Wagner Lopes, presidente da Associação Brasileira das Empresas de Serviços de Concretagem (ABESC); com Íria Doniak, presidente da Associação Brasileira da Construção Industrializada de Concreto (ABCIC); e Bernado Tutikian, professor da área de Patologia das Construções e Tecnologia do Concreto, da Universidade do Vale dos Sinos, de São Leopoldo.

Neste momento, tanto para Wagner quanto para Bernardo, a palavra de ordem é cautela. “As águas ainda não baixaram totalmente e muitas empresas do setor também foram atingidas e as que não estão nestas condições devem ir se preparando para o aumento da demanda”. O professor completa. “Precisamos aguardar para que, após uma limpeza e desinfecção, avaliemos o que precisa ser reconstruído e o que pode apenas passar por uma manutenção”, diz.

No entanto, apesar desta necessidade de cautela, Bernardo acredita em um problema de abastecimento. “Toda uma indústria está embaixo d’água, inclusive as concreteiras. Teremos um aumento na demanda por insumos e diminuição da capacidade produtiva e acredito que não teremos como suprir isso”. Para Wagner, poderá haver uma falta de insumos por questões de infraestrutura. “Estradas, ruas e pontes foram destruídas e isso poderá limitar a chegada de matérias-primas e de material de construção no geral”. Ele ainda cita um insumo específico. “O abastecimento de areia, fundamental para a indústria concretícia, se dá por via fluvial e toda a estrutura portuária ou foi destruída ou está submersa ainda”.

Em relação às reconstruções e manutenções que precisarão ser realizadas, Íria Doniak cita a importância de se planejar, sobretudo no que se refere à logística. “Neste contexto, será preciso ter um planejamento estruturado para que os insumos possam ser distribuídos aos locais de forma adequada, sem desperdícios e com maior produtividade, a fim de atender as demandas da região”.

O concreto na reconstrução e o avanço em novas tecnologias – Os três especialistas são taxativos ao afirmar que o concreto terá um papel preponderante na fase de reconstrução. Além disso, também poderão ser observados, segundo eles, um avanço em tecnologias.

“A reconstrução das cidades exigirá que toda a cadeia se una. O que antes seria um processo de engenharia longo, deverá acontecer em poucos dias ou meses, sobretudo no que se refere às ruas e demais infraestruturas. Acredito que uma excelente solução sejam as estruturas pré-fabricadas, como as paredes de concreto moldada in loco”, diz Wagner. Para ruas, pontes e estradas, Bernardo já fez sua aposta. “Acredito que haverá um uso ainda mais disseminado do Pavimento Urbano de Concreto (PUC), que é mais resistente e garante vida útil mais longa a ruas e estradas do que o asfalto”. Além disso, como pesquisador da área, ele afirma que, apesar de tudo, esta é uma oportunidade para que haja um avanço nas pesquisas, com concretos de mais eficientes, maior durabilidade e com mais fibras, que dispensam o uso de armaduras metálicas, evitando a corrosão e a degradação ao longo do tempo.

Íria reafirma a importância da tecnologia na reconstrução do estado. “A partir da realização desses diagnósticos, o setor possui soluções para dar celeridade na recuperação sustentável da região, utilizando, de acordo com a necessidade, ações combinadas, que podem incluir de forma parcial, mista ou total o uso de sistemas construtivos industrializados, que dão agilidade a esse processo, com previsibilidade de custos, mais sustentabilidade, produtividade, durabilidade, segurança e eficiência”, finaliza.

Com foco nos temas mais atuais do setor de construção, especialmente aqueles relacionados ao concreto, o gerente de Produto do Concrete Show, Fernando D’Ascola, destaca a importância da indústria do concreto na reconstrução do Rio Grande do Sul. Este será um dos temas recorrentes na feira e no Congresso, que acontece em paralelo ao evento. “Este é um movimento que exige grande urgência da nossa parte. Não há dúvidas de que deverão ser adotadas novas tecnologias para garantir uma reconstrução rápida e eficiente, e o melhor lugar para essas discussões é no Concrete Show, que este ano celebra sua 15ª edição”, afirmou D’Ascola.”

Sobre a Concrete Show

O Concrete Show – que chega, em 2024, em sua 15ª edição no Brasil – é o maior evento de negócios ligados à cadeia produtiva da construção civil da América Latina. É o braço latino-americano do World Concrete – evento internacional anual dedicado às indústrias de construção comercial de concreto e alvenaria – que congrega, ainda, o World of Concrete Asia, ExpoChiac, World of Concrete India, World of Concrete Europe e World Concrete Toronto Pavilion.

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