O Pantanal vive um dos momentos mais secos da história, conforme indica o relatório lançado pelo MapBiomas no dia 25 de junho, onde aponta que a área alagada por mais de seis meses no Pantanal está 61% abaixo da média, o que configura um estado de seca extrema. O cenário de alerta é reforçado na nota técnica do Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais da Universidade Federal do Rio de Janeiro (LASA-UFRJ) divulgada na véspera, dia 24, a qual faz um importante alerta. Mais de 661 mil hectares foram consumidos pelo fogo no bioma neste ano.
Porém, apesar dos números alarmantes de focos e da área queimada muito acima da média histórica para este período, o fogo está localizado principalmente na porção sudoeste do Pantanal, especialmente na região de Corumbá. Esses dados corroboram com o indicativo de que estes locais antes alagados grande parte do ano produzem muita biomassa acumulada que, em situações de grande seca e calor como ocorre neste ano, propicia um cenário ideal para o alastramento de incêndios, de acordo com o biólogo e diretor de Comunicação do SOS Pantanal, Gustavo Figueirôa.
Nesse sentido, faz-se necessário e urgente questionar as causas e os locais onde o fogo está concentrado. A maior parte dos focos de incêndio iniciou-se próximos à beira dos rios Paraguai e Paraguai Mirim, áreas sabidamente povoadas e de fácil acesso através de embarcações.
Quanto a este cenário, o diretor executivo do SOS Pantanal, Leonardo Gomes, afirma: “Nossa preocupação inicial foi alertar o poder público e a sociedade civil para essa situação de extrema seca que se aproximava, um diagnóstico que vem se confirmando nas últimas semanas. Felizmente, temos visto uma forte movimentação nas últimas semanas, com empenho crescente de pessoal, equipamentos e aeronaves, inclusive de outros Estados, que estão chegando ao Pantanal. Isso aumenta a chance de sucesso no controle desses incêndios”, avalia.
Sobre essas ocorrências, diz Gomes, deve ser considerado o fator humano. Isto porque, conforme nota técnica de Avaliação da Situação do Fogo no Pantanal do LASA, divulgada no último dia 24, não foram registradas descargas elétricas provenientes de raios no Pantanal nos meses de Maio e Junho nos locais onde os focos começaram, confirmando a tese de que a causa de origem das chamas é humana.
Diante disso, o SOS Pantanal defende que é urgente e de extrema importância a realização de investigação, fiscalização e perícia para identificar e responsabilizar os causadores destes focos que foram responsáveis por enormes áreas queimadas. “A ação de poucas pessoas tem o poder de destruir áreas muito grandes, como visto nas regiões próximas ao Rio Paraguai em Corumbá, especialmente, um dano pelo qual todos nós pagamos”, afirma Gomes. “Precisamos realizar um trabalho forte de educação ambiental e conscientização, pois a tendência é de que esses incêndios criminosos continuem nos próximos meses e anos caso não sejam responsabilizados seus autores”, sinaliza Gomes.
“Apesar da situação preocupante e alarmante, é importante dizer que não é o Pantanal inteiro que está pegando fogo. O incêndio é localizado, e é importante transparecer isso para o público. Informações erradas podem afetar inclusive um dos principais setores geradores de renda do bioma, como o turismo. Os incêndios começaram em sua grande maioria nas margens do Rio Paraguai, por isso é crucial o reforço de trabalhos de conscientização nessas áreas mais povoadas, com populações ribeirinhas e moradores do município”, afirma Alexandre Bossi, presidente da instituição.