Empregos e Oportunidades: Presença feminina na ciência cresce e chega a 50% no alto escalão das engenharias no CNPEM

Um dos centros de pesquisa mais importantes do País impulsiona equidade de gênero em áreas historicamente dominadas por homens

Março – Nos últimos 20 anos, a proporção de pesquisadoras que assinam publicações científicas no País saltou de 38% para 49%. O Brasil é o terceiro colocado na lista de 18 países que têm maior participação feminina na ciência, mais a União Europeia, mas poucas chegam a cargos de direção. Os dados constam do relatório “Em direção à equidade de gênero na pesquisa no Brasil” da Elsevier-Bori, lançado em 2024. Para reverter o quadro de pouca presença de mulheres na liderança de pesquisas de ponta, o CNPEM (Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais) tem cada vez mais pesquisadoras em postos-chaves em seus laboratórios avançados, chegando a 50% o total no alto escalão nas engenharias.

Entre as cientistas à frente de projetos de inovação em um dos centros de pesquisa mais importantes do País, estão Maria Augusta Arruda, diretora do LNBio, e Liu Lin, Chefe da Divisão de Aceleradores. Liu Lin integra a equipe do centro desde o início de sua operação, com participação direta na implantação do Laboratório Nacional de Luz Síncrotron e atualmente atua no Sirius.

O LNBio, comandado por Maria Augusta, é um dos envolvidos na implantação do complexo de laboratórios Orion, um projeto de mais de R$ 1 bilhão, inédito na América Latina, com instalações de alta e máxima contenção biológica (NB4). O Sirius, onde Liu é chefe da Divisão de Aceleradores, é o maior equipamento científico do Brasil e um dos três aceleradores de partículas de 4ª geração do mundo.

Além delas, diversas outras ocupam cargos de gerência e coordenação de departamentos importantes como o DAT (Diretoria Adjunta de Tecnologia) e os quatro laboratórios nacionais que fazem parte do CNPEM, o LNLS (Laboratório Nacional de Luz Síncrotron), LNBio (Laboratório Nacional de Biociências), LNNano (Laboratório Nacional de Nanotecnologia) e LNBR (Laboratório Nacional de Biorrenováveis).

Engenharias

A engenharia é o campo com maior dificuldade na busca pela igualdade de gênero, sendo majoritariamente ocupada por homens. De acordo com o Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (CONFEA), apenas 20% dos profissionais registrados nas áreas de engenharia são mulheres. Essa disparidade reflete um grande desafio para o setor, que o CNPEM busca enfrentar por meio de ações concretas.

Em julho de 2023, a Diretoria Adjunta de Tecnologia (DAT), que reúne diversas especialidades de engenharia do CNPEM, decidiu enfrentar a desigualdade de gênero e conseguiu igualar o percentual de homens e mulheres nos cargos de alto escalão.

O Programa de Equidade de Gênero da DAT tem como foco aumentar a presença feminina nas engenharias dentro do centro de pesquisa. Os principais alvos foram as áreas tradicionalmente dominadas por homens, como engenharia mecânica, elétrica, automação, controle, sistemas, química e de materiais.

Além das funções de lideranças, onde se conseguiu paridade entre homens e mulheres, o DAT como um todo tem, em 2025, 162 funcionários, sendo 36 mulheres, representando 22% de seu corpo de funcionários no mês de março. O crescimento da participação feminina em todos os departamentos e laboratórios do CNPEM reflete o compromisso do centro de criar um ambiente de trabalho cada vez mais diverso e equânime.

Teto de vidro

Segundo James Citadini, diretor da DAT, um dos pontos centrais do programa é aumentar a representatividade feminina em cargos de chefia, o que ele classifica como “teto de vidro”. Ele se refere ao fato de as mulheres cientistas, sobretudo na área das engenharias, conseguirem avançar, obtendo promoções até um certo patamar, mas dificilmente chegando a posições de liderança em que teriam, de fato, maior visibilidade profissional.

Atualmente, a DAT tem 50% de mulheres ocupando cargos de alta gestão. Elas também estão presentes em 43% das vagas de líderes de grupo. Um dos desafios tem sido contratar mulheres com mais de 10 anos de experiência, porque, na última década, poucas optavam pela engenharia justamente pelas dificuldades de ascensão de carreira.

Das cinco vagas na alta chefia, duas são ocupadas por mulheres, e uma terceira está em processo de seleção. As novas contratações já apontam para um cenário de 40% de profissionais femininas. Entre os estagiários, as mulheres representam 50% do total.

Projetos apoiados pelo CNPEM voltados para mulheres e diversidade

O CNPEM desenvolve suas próprias ações, mas também apoia projetos de terceiros de inclusão de meninas e mulheres na ciência. Essas iniciativas de universidades, instituições, organizações sociais e grupos de funcionários recebem apoio e desenvolvem atividades em parceria com o centro.

Em 2024, o CNPEM iniciou a formação dos Grupos de Afinidades e do Comitê Estratégico de Diversidade. Atualmente, há seis grupos (Mulheres, Raças e Etnias, PCD e Neurodivergentes, LGBTI+, Corpos Diversos e Gerações). Para cada linha de trabalho, há um grupo de afinidade e um líder eleito.

Alguns projetos apoiados são:

O projeto “Futuras Cientistas”, criado pelo Cetene (Centro de Tecnologias Estratégicas do Nordeste), se estendeu por todo o País em 2023. O CNPEM oferta até 30 vagas para meninas do ensino médio e professoras que têm a oportunidade de executar projetos nas instalações dos Laboratórios Nacionais e na Ilum.

Tem Menina no Circuito – UFRJ – Iniciativa de professoras do Instituto de Física da UFRJ voltada para a promoção de ciências exatas e tecnologia entre meninas.

Projeto M.A.F.A.L.D.A. (Meninas na químicA, Física e engenhariA para Liderar o Desenvolvimento em ciênciA) é uma parceria entre os institutos de Física, Química e a Faculdade de Engenharia Elétrica e da Computação da Unicamp e a Escola Estadual Aníbal de Freitas.

O Meninas SuperCientistas nasceu em 2019 como uma iniciativa de alunas da Unicamp, com o objetivo de incentivar meninas do Ensino Fundamental II a seguirem carreira na área da ciência.

Serviço

As vagas estão abertas. Os interessados podem acompanhar as oportunidades no site oficial do CNPEM e nas redes sociais.

Trabalhe Conosco – Vagas e Oportunidades do CNPEM 

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