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Inovação tecnológica e energias renováveis devem alterar os rumos da distribuição de energia no Brasil – Jornal da Construção Civil

Inovação tecnológica e energias renováveis devem alterar os rumos da distribuição de energia no Brasil

Com as novas regras da Aneel, em vigor a partir de março, estima-se que até 2024 cerca de 1,2 milhão de residências contem com energia produzida pelo sistema de geração distribuída

Líder mundial em eficiência eólica, país deve investir em pesquisas em armazenamento de energia, geração distribuída e Smart Grid para consolidar eficiência energética

A expansão das energias renováveis pelo mundo representa uma nova era no setor energético, mas também apresenta novos desafios para a indústria tecnológica. A integração das energias renováveis não convencionais nos parques geradores – as fontes intermitentes, como solar e eólica -, seu armazenamento e distribuição em smart grids são alguns dos exemplos que podem impactar significativamente a produção, distribuição e o consumo da energia no país.

Pelo menos é o que acredita o presidente da Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica (Abradee), Nelson Fonseca Leite. Para ele, o armazenamento de energia representará uma ruptura tecnológica que significará uma distribuição completamente diferente da forma como temos hoje no Brasil. “Embora o país tenha perpassado por uma crise hidrológica que afetou o setor elétrico, também vivenciou um grande investimento em energias renováveis, que vai desempenhar um importante papel nos próximos anos. Mas para isso será necessário estar em sintonia com essas novas tecnologias”. Segundo Leite, a tecnologia de armazenamento dessas energias será a maior fronteira e, portanto, também a maior oportunidade.

Pesquisas mais avançadas já são realizadas no Japão, na China e em países da Europa, como o armazenamento em larga escala em baterias de sódio e a microgeração fotovoltaica (painéis solares). O Brasil, embora seja incipiente neste ramo, é o país que está mais avançado na América do Sul, e ainda precisa ajustar questões regulatórias para liderar a produção e uso dessa tecnologia, bem como usufruir dos benefícios da integração das energias renováveis de forma eficiente e segura em sua matriz energética.

De acordo com Leite, o momento é oportuno para que governo, empresas e associações comecem a repensar os moldes do setor, investimentos, tecnologias e, principalmente, um plano para implantação das redes inteligentes em larga escala no Brasil. “Os sistemas de redes inteligentes serão inevitáveis, portanto deve ser prioridade para o setor elétrico brasileiro, principalmente porque vai alterar totalmente o planejamento energético do país”, explica.

Atualmente, a segurança energética centra-se basicamente nas distribuidoras, que são obrigadas a contratar 100% da sua carga com cinco anos de antecedência. No novo cenário, o planejamento é mais complexo e menos assertivo, pois passa a considerar uma série de incertezas antes desconsideradas. Além disso, permite que sejam realizados ajustes ao longo do tempo, fundamental para potencializar o funcionamento de um sistema robusto como é o caso do Sistema Interligado Nacional (SIN). O resultado seria um sistema integrado que permitiria aproveitar os excedentes e complementaridades hidrológicas existentes. “Para tanto precisamos de uma rede interligada de sensores e certa inteligência na operação desse sistema para sua otimização, que incluiria também ajustes no modelo regulatório para aplicação em larga escala”, conclui Leite.

REDES INTELIGENTES E EFICIÊNCIA ENERGÉTICA BRASILEIRA

O sistema smart grid (ou rede inteligente) consiste na instalação de sensores ao longo das redes, integrados por meio de equipamentos de telecomunicação e TI, programados para tomar decisões e se auto reconfigurar automaticamente (Self-Healing), podendo controlar também a microgeração distribuída nos momentos em que não há disponibilidade da fonte intermitente, aumentando a confiabilidade às redes.

Neste cenário, os consumidores tornam-se também produtores de energia (prosumidor) e a rede torna-se bidirecional. “Assim, o consumidor participa da geração e tem total controle da energia consumida, pois pode ter informações online do cenário e tomar decisões sobre seu consumo de acordo com as alterações no perfil da geração de energia ou no preço”, explica o Gerente Geral do Bracier, Eduardo Veiga.

A energia solar fotovoltaica cresceu quase 30% no mundo no último ano, sendo que no Brasil maior crescimento será notado com a geração distribuída. Nesse sentido, o Ministério de Minas e Energia lançou o Programa de Geração Distribuída de Energia Elétrica (ProGD), incentivando a geração de energia pelos próprios consumidores (residencial, comercial, industrial e rural) com base em fontes renováveis, em especial a fotovoltaica; há potencial para a instalação de 23,5GW até 2030.

Hoje, o Brasil também lidera o ranking mundial de eficiência em energia eólica, com um fator de capacidade de 37%, uma vez e meia o indicador mundial. Este índice poderá aumentar com os resultados dos empreendimentos iniciados em 2015, que colocam o país em 4º no ranking mundial de expansão de potência em energia eólica. Em um horizonte de oito anos, com a expansão dos parques eólicos, a previsão é que a fonte represente 11% da matriz elétrica brasileira. Segundo o Plano Decenal de Energia (PDE 2024), a participação das fontes de energia renováveis na matriz pode representar 83,8% até 2024. Os dados são do boletimEnergia Eólica no Brasil e Mundo – ano de referência 2014, produzido pelo MME.

SOBRE O BRACIER:

O BRACIER (Comitê Brasileiro da CIER) é uma entidade não governamental, sem fins lucrativos, que congrega atualmente 40 empresas e entidades do Setor Elétrico Brasileiro. É o representante no Brasil da Comissão de Integração Energética Regional – CIER, que busca a integração energética na região da América do Sul, Central e Caribe, sendo composta por 10 Comitês Nacionais estabelecidos na Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Equador, Paraguai, Peru, Uruguai e Venezuela, e um Comitê Regional que reúne empresas da Costa Rica, El Salvador, Guatemala, Nicarágua, Panamá e República Dominicana.

 

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