Fevereiro, 2019 – Indicadores já sinalizam a retomada econômica do país, refletindo na construção civil; no entanto, ainda não é possível prever o tamanho dessa recuperação. Essa é a análise dos palestrantes do evento Panoramas e Perspectivas 2019 – Construção Civil, promovido pela Firjan, em 19 de fevereiro. Realizado na sede da federação, o evento contou com apoio da CBIC, Abramat, Abecip, Ademi-RJ, Secovi Rio e Sebrae.
Segundo Jonathas Goulart, gerente de Estudos Econômicos da Firjan, a taxa de juros em queda, cobrada pelas instituições financeiras, já mostra os sinais do crescimento interno. A perspectiva também é positiva com a continuidade da redução da taxa de desemprego. “A recuperação já chegou, mas a velocidade e intensidade estão diretamente ligadas às aprovações das reformas estruturais”, disse Goulart, destacando a reforma da Previdência como fundamental, acompanhada da contenção das despesas públicas e de privatizações, entre outras medidas.
Mauro Campos, presidente do Sinduscon Sul Fluminense, também vislumbra essa recuperação. “Nós temos um mercado gigantesco, mas precisamos adequar o tipo de imóvel de acordo com a renda da população e então caminharmos para um processo de desenvolvimento, considerando que existe demanda crescente, sendo o déficit habitacional na ordem de 7,8 milhões”, destacou Campos.
Mercado imobiliário em 2018
Segundo Filipe Pontual, diretor executivo da Abecip, apesar da queda de 26% no lançamento de unidades imobiliárias no estado do Rio, em relação a 2017, enquanto o Brasil aumentou 20%, os financiamentos para aquisição e construção pelo Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE) subiram 15%, acompanhando o crescimento do país, de 33%. “O financiamento tem mostrado uma recuperação após três anos de queda”, ressaltou Pontual.
Rodrigo Navarro, presidente da Abramat, enfatiza que a renovação do setor, a recuperação da competitividade e o aumento da produtividade virão também através da adoção de iniciativas de inovação, destacando de que maneiras a indústria 4.0 se apresenta no segmento: pela construção industrializada, fintechs, construtechs, smart cities e, fundamentalmente, o BIM.
Na análise de Claudio Hermolin, presidente da Ademi-RJ, quando se observa o mercado da cidade do Rio de Janeiro com mais detalhe, se tem um cenário mais positivo. Segundo Hermolin, 34% têm intenção de investir com o imóvel adquirido. “O retorno do investidor de imóveis é um sinal positivo”, disse. A redução dos distratos dos empreendimentos residenciais é outro indicador favorável, ficando em 0,5% no quarto trimestre de 2018. “Houve épocas em que 50% dos imóveis comerciais e 30% dos residenciais eram distratados”, lembrou.
Os sistemas de financiamento de habitação, que incluem o SBPE e o FGTS, se mostraram resistentes à crise econômica, na análise do Celso Petrucci, presidente da Comissão da Indústria Imobiliária da CBIC e economista chefe do Secovi-SP. “Passamos pela pior crise, mas o sistema se mostrou resiliente. Nós temos que tirar o chapéu pela qualidade das nossas operações, com baixo índice de inadimplência”, frisou.
Quanto à proposta da carteira verde e amarela do governo federal, que deverá trazer a possibilidade do não recolhimento do FGTS, Petrucci considera que foi o dinheiro do fundo e o da poupança que possibilitaram a construção de mais de 15 milhões de unidades habitacionais no país. “Não é o recolhimento dos 8% que está pesando para nós empresários, mas outros encargos trabalhistas. Acho importante manter o recolhimento do FGTS”, opinou.
Mauro Campos acha importante mostrar ao governo e presidentes dos bancos que o subsídio do FGTS não é apenas para cadeia da construção. “Ele é o subsídio mais inteligente que já teve no Brasil porque o dinheiro não vai nem para a construtora e nem para o mutuário. Ele vai para o desconto na prestação ou entrada do financiamento. É altamente social, não existe desvio”, ressaltou.
Fortalecimento da construção civil
Para fortalecer o setor, o Grupo Setorial da Construção Civil da Firjan, realizador do seminário, vem desenvolvendo iniciativas de apoio à elevação da produtividade e competitividade do setor, destacando-se: a construção do Laboratório da Construção Civil em Três Rios, que apoiará as empresas no atendimento à Norma de Desempenho; a construção do Espaço da Construção Civil da Firjan SENAI, com foco em digitalização da construção e ênfase em BIM (Building Information Modeling – Modelagem de Informações da Construção), em Modernos Métodos Construtivos e Sustentabilidade; e a criação da CooperCon Rio – Cooperativa de Compras para o Rio de Janeiro.
Segundo Campos, isso mostra a maturidade de toda a cadeia produtiva do setor. “Hoje conversamos com a Caixa Econômica Federal e o Banco do Brasil porque tanto os bancos quanto nós queremos melhorar os processos. É muito bom chegar a esse ponto de amadurecimento em que você tem a possibilidade de trabalhar numa direção só”, frisou.
Fonte: Imprensa/FIRJAN