Agência IBGE
Dezembro, 2019 – Mais da metade da área do estado do Rio de Janeiro tem suscetibilidade a deslizamentos classificada como muito alta. É o que aponta o estudo do IBGE divulgado nesta sexta-feira, informando que 53,9% do território fluminense está no nível máximo de risco. Outros 19,9% estão classificados como alta suscetibilidade, a segunda faixa mais elevada.
O estado é o líder absoluto entre as unidades da federação em termos de áreas com maior suscetibilidade. O estado vizinho, Espírito Santo, aparece em segundo lugar, com 44,9% do território com suscetibilidade muito alta e 19,9%, alta.
A Região Sudeste, aliás, é a que concentra mais áreas de suscetibilidade a deslizamentos muito alta: 23,2%. Outros 24,6% do território estão classificados como alta.
Os dados são do mapa “Suscetibilidade a deslizamentos do Brasil: primeira aproximação”, estudo inédito divulgado hoje (29) pelo IBGE. O trabalho mostra que 5,7% da extensão territorial nacional tem suscetibilidade muito alta a deslizamentos, enquanto outros 10,4% estão na segunda faixa mais elevada.
Alguns fatores explicam este fenômeno. Devido às características do meio físico, clima tropical e à alta pluviosidade, determinadas regiões do Brasil apresentam um conjunto de motivos que favorecem o desencadeamento de deslizamentos.
É o caso do Sudeste. Por apresentar áreas serranas e planálticas situadas em terrenos geológicos de grande mobilidade, a região é motivo de preocupação. Além dos fatores naturais, a dinâmica de uso e ocupação da terra, muitas vezes desordenada, potencializa a incidência de deslizamentos e agrava seus impactos.
“Por conta do relevo, de serem lugares mais acidentados, áreas como a Serra do Mar e a Serra da Mantiqueira mostram os níveis mais elevados de riscos. A vegetação (Mata Atlântica) tem um certo peso, mas o que predomina nessa afirmação é a declividade”, explica Therence de Sarti, geólogo do Instituto que colaborou com o estudo.
O Sul também apresenta muitas áreas com níveis altos de suscetibilidade a deslizamentos. A pesquisa mostra a região com 15,6% e 24,5%, respectivamente, nas faixas muito alta e alta. O terceiro estado com mais áreas classificadas no nível máximo no país é Santa Catarina, com 33,7% do território com suscetibilidade muito alta e 31,5%, com alta.
Episódios recentes ocorridos no estado sulista, em 2008, e no Rio de Janeiro (Ilha Grande/Angra dos Reis em 2009, Niterói em 2010 e Região Serrana em 2011) exemplificam de maneira trágica os danos gerados por deslizamentos nestas áreas.
No extremo oposto estão o Norte e o Centro-Oeste, regiões onde predominam áreas de grande planície e depressão. Elas concentram menos áreas de maior suscetibilidade a deslizamentos: 1,6% de muito alta e 6% alta no Norte e 3,6% e 8,2%, nesta ordem, no Centro-Oeste. O Nordeste aparece com 3,8% e 10,1%, respectivamente.
O estudo, feito sobre grade estatística, leva em consideração seis aspectos: Geologia, Geomorfologia, Pedologia, Declividade, Pluviosidade e Cobertura e uso da terra e Vegetação. A cada um deles foram determinados critérios de importância. A Declividade é o critério que mais contribuiu para a suscetibilidade a deslizamentos. Na outra ponta, a Pluviosidade é o que menos interfere nos riscos.
Após a análise de cada um desses aspectos, o IBGE chegou a um mapa final. “O Instituto analisou que faltava uma visão geral da situação dos deslizamentos no país. A partir desse mapa, podemos determinar mais lugares para detalhar o trabalho, e outros órgãos poderão se basear nele para estudos mais aprofundados”, pondera Therence.
O mapa “Suscetibilidade a deslizamentos do Brasil: primeira aproximação” faz parte do 2º volume da coleção “Macrocaracterização dos Recursos Naturais do Brasil”, que traz detalhamento dos aspectos naturais do Brasil. a coleção é direcionada a estudantes, professores, agentes públicos e gestores do meio ambiente.
Edição e crédito: Editoria: Geociências | Caio Belandi | Arte: Márcio Silva da Costa