Por Joyce Capelli, presidente do Instituto Melhores Dias
Outubro, 2020 – A pergunta “como lidar com a ansiedade?”, foi a mais repetida na última década. E em relação a 2019, cresceu 33%. Entre as perguntas mais buscadas este ano com a expressão “como lidar?”, duas se referem a ansiedade e depressão. Também aumentou exponencialmente o interesse dos brasileiros sobre o que é a felicidade. Em junho, essa pergunta teve o maior volume de buscas dos últimos oito anos.
Não é preciso bola de cristal para entender essa demanda toda ao oráculo virtual do Google: trata-se de reflexos do medo, solidão e angústias trazidas pela pandemia e pelo isolamento social.
No Instituto Melhores Dias, bem antes do vírus da Covid, já discutíamos o crescente aumento de demanda por atenção à saúde mental. A vida moderna, sem nenhum percalço catastrófico, já provocava alterações cada vez mais significativas no comportamento humano, gerando ansiedade, depressão, preocupações extremas e muitos outros malefícios que distanciam o ser humano da paz e felicidade.
O que virá por aí, nos próximos meses (e anos) será um tipo de estresse pós-traumático provocado por essa fase desafiadora por que passa a humanidade. Se antes era mister dar atenção à saúde mental como novo foco de destaque da saúde pública, agora se tornou primordial. As pesquisas do Google, muito bem observadas pela reportagem do Estadão, atestam mais este “mal do século”, para usar um jargão de efeito. E cabe destacar que o Google pode trazer referências, textos e informações, mas não oferece o tratamento personalizado que esses problemas exigem.
Em pesquisa realizada pelo IMD com mais de 1.400 domicílios, em vários Estados brasileiros, 87,8% das respostas demonstraram receios quanto ao futuro. Em nossa organização, já preparamos programas voltados para enfrentar essa demanda da sociedade. Principalmente por termos a percepção que o Poder Público não está equipado com os recursos necessários para o enfrentamento dessa nova realidade.
Quem estiver à frente dos serviços de atendimento à população precisará de protocolo para identificação dos agentes causadores dos transtornos na saúde mental, mobilização para enfrenta-los e profissionais capacitados a lidar com tratamento, terapia e medicamentos, quando necessário.
Ameaça à saúde, risco de vida, crise financeira, Fake News, falta de segurança, desequilíbrio do meio ambiente, angústias sociais, dificuldades profissionais, familiares, pessoais, não irão desaparecer tão cedo. Tendem a aumentar no futuro próximo. Precisamos nos precaver para evitar uma nova pandemia, não de vírus, mas de falta de controle emocional.