Maio, 2021 – A solução para a atual crise hídrica depende da contratação de usinas solares e eólicas. A avaliação é do ex-diretor geral do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) Luiz Eduardo Barata Ferreira, que defende a alternativa por sua rápida instalação, custo relativamente baixo, atendimento às necessidades do sistema, baixo impacto ambiental e geração de empregos praticamente imediata.
“6 GW de térmicas a gás natural não resolvem o problema atual e criam uma baita conta para o consumidor pagar no futuro”, alerta Barata, referindo-se à emenda da medida provisória de privatização da Eletrobras que prevê a instalação compulsória desse volume de térmicas nas regiões Norte e Nordeste do país.
O especialista, que presta consultoria para o Instituto Clima e Sociedade (iCS) e para o Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), lembra que a emenda não passou pela análise de impacto regulatório (obrigatória) e que, neste momento, o sistema elétrico precisa de usinas de partida rápida, que possam ser acionadas a qualquer momento para o atendimento da ponta do sistema, e não operando o tempo todo na base. Com prazo de instalação inferior a um ano, solares e eólicas poderiam ajudar a guardar água nos reservatórios das hidrelétricas para que estas cumpram tal papel.
Barata também vê com preocupação o impacto dessas térmicas no custo da energia para os consumidores. “A contratação das usinas tem de ser feita conforme as necessidades indicadas no planejamento setorial e de maneira competitiva”, avalia, lembrando que, além do custo da energia propriamente dito, o consumidor teria de pagar pela construção dos gasodutos necessários para o abastecimento das usinas e por novas linhas de transmissão para o escoamento da energia para os centros de carga, concentrados no Sudeste.
Geração de emprego – Estimativas das associações de energia eólica (Abeeólica) e solar (Absolar) indicam que os projetos das fontes geram, em média, 15 e entre 25 e 30 postos de trabalho por MW instalado. Isso significa que a instalação de 3 GW de usinas de cada fonte garantiria entre 120 mil e 135 mil postos de trabalho.
Fonte: IDEC