Por Maucir Nascimento
Julho, 2021- O Brasil enfrenta a pior seca em 91 anos. Pela primeira vez, o governo federal emitiu um alerta de ‘risco hídrico’ que se estende até o mês de setembro para a bacia do Paraná, que engloba as regiões Sudeste e Centro-Oeste. O setor hidrelétrico é diretamente afetado pela estiagem e quem paga a conta é o consumidor.
Isso porque o baixo volume nos reservatórios exige maior uso de termelétricas e deixa a conta de luz mais cara. A bandeira vermelha patamar 2, que é a taxa extra mais elevada, será aplicada no mês de Julho. De acordo com a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), no lugar de R$6,24 a mais a cada 100 quilowatts/hora, serão cobrados R$9,49, o equivalente a um aumento de 52% no valor da bandeira vermelha.
No interior de São Paulo, os moradores de Itupeva terão que pagar mais por um fornecimento de má qualidade. Mesmo antes da crise energética, eles já sofriam com problemas constantes de queda de energia.
O empresário Maucir Nascimento transferiu o escritório na capital e todos os funcionários começaram a trabalhar de casa. Ele aproveitou para fugir do agito da megalópole e se mudou para o interior, no entanto, tem sido afetado frequentemente pelo problema. “O condomínio onde eu moro é conhecido pela ‘luz cair muito’. Os moradores abrem reclamações no Reclame Aqui, na CPFL (companhia de energia local) e até mesmo na Aneel. Inclusive eu já fiz diversas reclamações nesses três ou quatro meses que estou no interior”, afirma ele.
Segundo ele a desculpa é sempre a mesma: ‘a linha de transmissão passa em lugares que tem muito verde e ocorre queda de árvores nos cabos. Mas mesmo sendo de conhecimento da prestadora, o problema não é solucionado.
De acordo com pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) em novembro do ano passado, já se tratava de 7,3 milhões de pessoas trabalhando remotamente no país, de acordo com pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). E a falta de energia gera obstáculos para quem trabalha em home office e, consequentemente, gera prejuízos também para as empresas que estes profissionais representam.
A falta de luz afeta tanto durante o trabalho remoto como no cotidiano dos moradores. “Na minha casa tudo funciona à eletricidade: até o fogão e forno. Não tenho nada de gás em casa”, ressalta. De acordo com ele, uma vizinha, que utiliza respirador, tem que ir à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) toda vez que falta energia.
Somente no último dia 25, o secretário de Habitação, Obras e Urbanismo de Itupeva, Kleberson Renato da Silva, se reuniu com o representante da CPFL para tratar sobre as causas dessas interrupções em uma base operacional da companhia na cidade.
Os moradores do condomínio fizeram até um abaixo-assinado requerendo uma solução para o conflito. “Mas enquanto o problema não é resolvido nós continuamos tendo que pagar a conta de luz que fica cada vez mais alta, mesmo sem receber os benefícios de uma boa prestação de serviço”, ressalta Nascimento