Outubro, 2021 – Estabelecer a definição da classe de ruído para edifícios residenciais em função do cálculo do nível de pressão sonora, em decibel, incidente nas futuras fachadas de dormitórios foi um dos principais pontos da emenda da norma ABNT NBR 15575 Edificações Habitacionais – Desempenho Parte 1-3-4-5-6. Aprovada pelo grupo de Especialistas em Acústica, com a participação do vice-presidente de Atividades Técnicas da Associação Brasileira para a Qualidade Acústica (ProAcústica), Marcos Holtz, que foi designado pelo CB-002 Comitê Brasileiro da Construção Civil e pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) para ser o relator da parte de acústica, o novo texto entrará em vigor a partir do dia 13 de março de 2022 mas já pode ser aplicado voluntariamente.
Antes o texto definia as classes de ruído 1, 2 e 3 dos locais de empreendimentos residenciais conforme uma avaliação subjetiva de intensidade de ruídos no entorno. Agora traz um procedimento mais seguro onde se define que o isolamento das fachadas dos dormitórios será de classe de ruído 1, se o ruído externo calculado a 2,0m da fachada for menor do que 60 (dBA); classe 2, se for menor do que 65 (dBA); e classe 3, se for menor do que 70 (dBA). Além disso, na emenda foi acrescentado um método alternativo onde medições e simulações não são necessárias, desde que atendidas determinadas condições específicas no entorno do empreendimento.
As mudanças foram baseadas em um documento inicial proposto pelo Grupo de Trabalho da ProAcústica que evoluiu para um projeto de revisão da norma, desenvolvido por um grupo de especialistas formado por representantes da Universidade Federal de Santa Maria e pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos), ambas do Rio Grande do Sul; pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT); e pela Sociedade Brasileira de Acústica (Sobrac), além da ProAcústica.
“Após diversas reuniões de trabalho foi elaborado documento único robusto com as propostas de revisão, onde ponderamos sobre o que poderia ser proposto sem causar grandes impactos econômicos à cadeia produtiva da construção civil. Nesse sentido, tivemos enorme êxito. Não foi o ideal dos ‘mundos’ para os especialistas, mas aconteceu o que era possível”, ressalta Davi Akkerman, coordenador do Comitê Acústica nas Edificações, da ProAcústica.
Desde 2018, quando foi anunciado que a ABNT NBR 15575 entraria em processo de revisão, após 5 anos da sua publicação, a ProAcústica se mobilizou e formou um grupo de trabalho voluntário liderado por Akkerman, que contou com o auxílio de Juan Frias, coordenador do Comitê de Acústica Ambiental da ProAcústica.
Principais mudanças
1 | Classe de ruído
A Classe de ruído é definida em função do cálculo do nível de pressão sonora incidente nas futuras fachadas de dormitórios. Acrescentou-se um método alternativo onde medições e simulações não são necessárias, desde que atendidas determinadas condições específicas no entorno do empreendimento.
2 | Novos requisitos de desempenho
Isolamento de ruído de impacto entre salas de unidades autônomas (não há requisito mínimo para salas, ou seja, não é obrigatório e indica apenas valores para níveis de desempenho intermediário ou superior)
Alteração do requisito de sistemas de piso de áreas de uso coletivo acima de unidades habitacionais autônomas. A nova emenda traz uma separação do requisito, fazendo distinção entre salas e dormitórios (não há requisito mínimo para salas. Ou seja, não é obrigatório e indica-se apenas valores para níveis de desempenho Intermediário ou Superior).
No caso de habitações como estúdios, lofts, quitinetes e similares − locais com mais de uma função em um mesmo ambiente − deve prevalecer o seu uso de maior sensibilidade e, portanto, o nível de desempenho mais restritivo deve ser atendido, tanto para pisos como Vedações Verticais internas e externas. Por exemplo, em um ambiente único utilizado como dormitório e como sala e cozinha, o nível de desempenho mínimo para dormitório deve ser atendido.
3 | Atualização da redação
Houve uma revisão geral de terminologias adotadas e normas referenciadas foram atualizadas.
4 | Valores de referência
Agora, para os valores de referência de isolamento para atendimento ao desempenho mínimo de sistemas construtivos há uma distinção de performance entre sistemas leves e pesados. Além de que ficou bem esclarecido que a utilização dos valores de referência deve ser cautelosa, caso a caso, sem desprezar os cálculos estimativos mais precisos definidos por normas ISO.
5 | Métodos para estimativas de isolamento acústico
Foi detalhadamente referenciada a família de normas ISO 12354, que permite estimar o desempenho de isolamento acústico de paredes e pisos de edificações a partir das características acústicas dos seus respectivos elementos construtivos.
Fonte: ProAcústica