Por Genara Rigotti
Qualquer gestor atento às tendências sabe que o setor industrial passa por uma fase marcada pelo forte uso de tecnologias da indústria 4.0. 5G, Inteligência Artificial (IA) e Gêmeos Digitais são alguns exemplos. Na verdade, é exatamente essa realidade que leva à necessidade de uma melhor compreensão da internet industrial das coisas (IIoT).
A IIoT está intimamente relacionada com a indústria 4.0 e já é uma realidade em várias organizações. Você sabe do que estamos falando?
Preparamos este artigo com informações essenciais sobre essa tecnologia que está revolucionando o dia a dia de indústrias do Brasil e do mundo. Isso com base em um dos primeiros episódios do podcast Boteco 4.0, que traz os desafios e barreiras para a expansão da IIoT. Acompanhe!
O que é IIoT?
A internet industrial das coisas (IIoT) nada mais é do que um ramo da internet das coisas (IoT), só que voltado apenas para a indústria 4.0. Ainda não está claro?
Quando falamos de IIoT, queremos dizer vários tipos de máquinas, dispositivos, softwares e ferramentas que se conectam à internet. O objetivo é melhorar a eficiência, produtividade e economia dos processos de uma indústria e garantir que as decisões sejam baseadas em dados coletados, gerados e organizados por plataformas inteligentes e tecnologicamente avançadas.
A diferença entre automação e IIoT
Entender a diferença entre automação e IIoT ou compreender que a IIoT vai além da simples automação é o primeiro passo para dominar o conceito dessa tecnologia e implementá-la com o propósito certo em uma indústria.
Nesse sentido, vale ressaltar o que Túlio Duarte, diretor da Harbor Informática Industrial, destaca no episódio do podcast Boteco 4.0 sobre o tema. Segundo ele, muitas pessoas confundem automação e IIoT, vendo essas tecnologias como sendo a mesma coisa, o que em sua visão é um erro.
Para tornar a diferença entre automação e IIoT clara, Duarte faz algumas comparações. Por exemplo, ele diz que bicicleta e carro são transportes, mas que não se tratam da mesma coisa/produto. Para o especialista, a mesma lógica pode ser aplicada à automação e IIoT. Em sua visão, cada tecnologia tem um propósito e uma função específica.
O especialista fornece um exemplo: a automação tem um tempo definido para processar grandes quantidades de dados, que é uma de suas funções. Por outro lado, uma das finalidades da IIoT é conectar os sensores da máquina com um sistema e enviar os dados gerados por meio de protocolos de TI para uma plataforma onde as informações são organizadas e podem ser utilizadas estrategicamente.
De maneira geral, ele destacou que a automação é uma tecnologia da indústria 4.0 para automatizar coisas/processos que são repetitivos, enquanto a IIoT é usada para coletar informações e repassá-las aos sistemas para criar valor para uma indústria.
Para entender a função da IIoT, imagine as pulseiras inteligentes que servem para monitorar os passos de um funcionário de uma indústria e enviar essas informações para um celular.
O aplicativo do aparelho mostra quantos passos ele deu, entregando uma informação de valor que pode estimulá-lo a caminhar mais, e assim se tornar mais saudável e produtivo.
Desafios e obstáculos da expansão da IIoT
Embora a internet industrial das coisas seja uma realidade cotidiana em muitas indústrias, é fato que ainda existem desafios ou obstáculos significativos para a expansão dessa tecnologia. A seguir, confira os principais, conforme o o conteúdo do segundo episódio do podcast Boteco 4.0:
Projeto de IIoT desalinhado com a TI da empresa
Segundo Duarte, muitas vezes uma empresa quer implementar um projeto de IIoT, mas não faz um alinhamento estratégico em sua TI.
Em sua opinião, isso cria problemas para dimensionar a tecnologia porque o alinhamento é feito tarde demais. Ou seja, esse processo deveria ter sido colocado em operação quando o projeto de IIoT estava na fase de implementação, e não depois que a tecnologia é colocada em operação.
Essa questão, acrescentou ele, é um traço cultural das empresas, de modo geral, que acaba por ignorar os passos fundamentais para o sucesso da IIoT.
Falta de alinhamento do negócio
Outra questão levantada por ele é a falta de alinhamento dos negócios no uso da IIoT. Em sua opinião, muitos gestores não conseguem estabelecer métricas de desempenho que mostrem se um projeto de IIoT está funcionando, deixando as organizações se perguntando se estão no caminho certo.
Ele acredita que é preciso definir métricas de desempenho que apresentem o quanto a indústria cresceu com a ajuda da IIoT. Essa é a única maneira pela qual essa tecnologia da Indústria 4.0 pode ser dimensionada.
Estruturação técnica
O especialista também destacou a estrutura técnica da IIoT como outro obstáculo para sua expansão. Por se tratar de uma tecnologia que utiliza a Internet para coletar, processar e enviar informações por meio de tecnologias de TI, muitas organizações não possuem uma boa estrutura técnica para recebê-la.
Por exemplo, uma determinada área de uma indústria pode ainda não ter Wi-Fi. O que isso pode significar? Um projeto piloto de IIoT pode já estar em andamento em uma organização, mas para dimensioná-lo, ela deve ter uma boa estrutura técnica. Caso contrário, o projeto não poderá ser expandido.
Falta de visão dos jovens para uma carreira na área de IIoT
Segundo Alex Kuhnen, coordenador da educação 4.0 do Senai em Santa Catarina, esse é mais um desafio para o dimensionamento da IIoT.
Para ele, embora existam cursos destinados a qualificar pessoas na área de IIoT, os jovens ainda não se sentem atraídos por desenvolver uma carreira nesse setor, o que afeta sua expansão.
Mesmo imersos em tecnologias da indústria 4.0, como realidade aumentada, realidade virtual e o metaverso, os jovens ainda precisam criar perspectivas de carreira nesse mercado. Afinal, uma área de mercado só crescerá mais rapidamente se houver mão de obra qualificada.
A IIoT é uma tendência mundial e as indústrias precisam investir nessa tecnologia para garantir que seus objetivos, como melhorar a eficiência e a produtividade, reduzir custos e aumentar as vendas, sejam alcançados rapidamente.
Mas, para isso, é preciso primeiro superar os desafios que impedem a correta implementação dessa solução, bem como sua expansão.
Fonte: A ABII – Associação Brasileira de Internet Industrial