O mercado de equipamentos da linha amarela (movimentação de terra) deve ter uma retração nas vendas em 2023, após seis anos consecutivos de crescimento sustentável e do volume histórico de 39,9 mil unidades comercializadas no ano passado. A estimativa do Estudo Sobratema do Mercado Brasileiro de Equipamentos para Construção é de uma queda de 14% nas vendas de máquinas neste ano, com 34,6 mil unidades comercializadas.
Segundo o consultor Mario Miranda, coordenador do Estudo de Mercado da Associação Brasileira de Tecnologia para Construção e Mineração (Sobratema), esse resultado está relacionado à menor confiança e otimismo no mercado, ao aumento dos custos operacionais, ao cenário econômico, que está ainda incerto, a desaceleração de investimentos de longo prazo e das concessões e a restrição de crédito às pequenas e médias empresas. “Apesar da expectativa de redução da Selic em agosto, a taxa segue muito alta, trazendo desafios para o crédito e financiamento das empresas”, afirmou Miranda, durante o Webinar Sobratema Atualização das Tendências no Mercado da Construção, realizado no dia 27 de junho.
Eurimilson Daniel, vice-presidente da Sobratema, ponderou que mesmo tendo uma estimativa de queda, o setor ainda estará entre os melhores da história em termos de venda de equipamentos, superando os anos de 2013 e 2021, quando foram comercializados mais de 33 mil máquinas da linha amarela. “Em 2022, tivemos um ano fora da curva e o ajuste da régua é normal. Considero 2023 um ano de alinhamento”, pontuou.
O Estudo de Mercado apontou fatores positivos para 2023, como as estimativas de um crescimento maior do Produto Interno Bruto (PIB), a aprovação da Reforma Tributária pela Câmara dos Deputados, o anúncio de um novo programa para infraestrutura, os resultados do agronegócio e a perspectiva de substituição da frota pelas mineradoras e pedreiras. “Esses fatores podem melhorar o cenário este ano e influenciar positivamente os resultados de 2024, que será um ano de transição”, disse Miranda. Para o ano que vem, a estimativa é de uma alta de 4% nas vendas de equipamentos da linha amarela.
Durante o Webinar Sobratema, Eduardo Lema, diretor da MILLS Rental, fez uma avaliação sobre os três tipos de negócios da empresa. Na área de formas e escoramentos, vinculados às obras de infraestrutura, este ano é de recuperação, após um período desafiador. “Mas, grandes projetos de infraestrutura ainda estão por vir, então, há espaço para crescer mais”, acrescentou. Para o segmento de locação de equipamentos leves, o comportamento de mercado está estável, com expectativas de um aquecimento no segundo semestre, mas existe o desafio de introduzir alguns conceitos, pois as plataformas podem substituir outras tecnologias de elevação de cargas e pessoas. Por fim, a locação de equipamentos da linha amarela voltada ao agronegócio começou o ano acompanhando os bons resultados do setor.
De acordo com Leonardo Pinheiro Magalhães, engenheiro da Magalhães Junior Engenharia, o o Estudo de Mercado da Sobratema está alinhado ao mercado de atuação da construtora, o nordeste brasileiro. “Existiu um momento importante em 2022, com grande crescimento. Neste ano, as questões colocadas como a taxa de juros e o realinhamento político e econômico influenciaram o primeiro semestre. Contudo, temos grande expectativa para o segundo semestre e 2024, com previsão de crescimento para nosso setor”, destacou.
A apresentação de Miranda trouxe ainda as oportunidades para 2023, como, por exemplo, a melhoria da economia em geral, crescimento da demanda no rental, e mais obras em infraestrutura, bem como as preocupações neste ano, que incluem a dificuldade de obtenção de crédito, juros altos e a política fiscal.
Na avaliação de Andrea Bandeira, da Ex Ante Consultoria Econômica, a relação apontada no Estudo de Mercado da Sobratema coincidem com aquelas listadas na macroeconomia. “O segundo semestre ainda está em aberto, com o anúncio do novo PAC (Programação de Aceleração do Crescimento), as reformas a serem aprovadas pelo Congresso Nacional, o encaminhamento do arcabouço fiscal, a redução da taxa de juros, entre outros, o que cabe um acompanhamento próximo”.
Outro ponto comentado pelos especialistas participantes do Webinar Sobratema foi a frota parada que está em torno de 20% neste ano, o que é considerada acima da média. “Isso mostra que o setor está trabalhando muito forte para aumentar a utilização das máquinas, por meio do uso de tecnologia e pela boa gestão”, analisou Miranda.
Mediado por Vagner Barbosa, o Webinar Sobratema Atualização das Tendências no Mercado da Construção teve a saudação do engenheiro Afonso Mamede, presidente da Sobratema, e contou com o patrocínio da Komatsu, John Deere, Grupo Tracbel, New Holland Construction e Volvo.