Mais de 12 mil profissionais do setor visitaram o evento, que reuniu no Rio de Janeiro a cadeia do setor marítimo na América do Sul
Agosto, 2023 –
A 17ª edição da #Navalshore – Feira e Conferência da Indústria Marítima foi um nítido retrato da efervescência que toma conta do setor em função da perspectiva do reaquecimento da construção naval no país. Encerrada nesta quinta-feira (24), superou a expectativa de público, ultrapassando a marca de 12 mil visitantes que marcaram presença nos três dias do evento realizado no ExpoMag, no Rio de Janeiro.
“Foi um encontro muito produtivo, que marcou a retomada de todo um setor”, avaliou o presidente da Transpetro, Sérgio Bacci. “A presença dos principais atores desse mercado e a rede de negócios que um evento dessa dimensão proporciona são fundamentais. Estou otimista e confiante de que estamos no caminho certo para reacender a indústria naval brasileira e gerar os empregos necessários para que nossa economia volte a crescer. Esse evento mostrou, mais uma vez, que temos condições para isso”, acrescentou. A empresa foi patrocinadora Master do evento.
Com a participação de 91 expositores e mais de 400 marcas representantes de todos os elos da cadeia da indústria naval, a Navalshore reforça sua importância estratégica para a indústria como polo gerador de negócios e fórum de conhecimento. “É muito gratificante fazer parte e colaborar com este momento da indústria naval, que é de suma importância para o desenvolvimento e a modernização do transporte marítimo”, comentou o diretor da Navalshore, Marcos Godoy Perez.
O evento foi palco também da Conferência Navalshore, que promoveu a discussão em torno de temas como os caminhos para o fortalecimento da indústria naval e offshore e a transição energética na indústria marítima e reuniu especialistas do Brasil e de outros países.
Além da produção de conteúdo, o evento criou um ambiente de negócios e networking para as 91 empresas expositoras. “Estamos realmente muito satisfeitos com a participação no evento. Foi excelente. Todos os nossos clientes vieram e muitas das conversas que aconteceram durante a Navalshore já evoluíram para negócios concretos”, avalia o Regional Commercial Manager International da International AkzoNobel, Giuliano Tramontini. “Estivemos em Manaus, na Navalshore Amazônia, e sentimos que o setor está aquecido. Performamos um crescimento médio anual de 5% em faturamento e projetos e, com os projetos que vêm sendo anunciados, esse comportamento pode aumentar muito”, acrescentou.
Segundo o executivo, a empresa, que foi patrocinadora Platina da Navalshore, retornou ao evento em função de uma reformulação da estratégia de atuação no mercado, buscando trabalhar com produtos de alta tecnologia e alto desempenho. “Trouxemos para a Navalshore a tecnologia patenteada AkzoNobel, a Intersleek 1100 SR, um revestimento anti-incrustante livre de biocida e com liberação de limo, que não é silicone, mas sim um fluoropolímero, para ser aplicado no casco do navio e influenciar especificamente o assentamento e a adesão de organismos de limo. A vantagem desta solução é que tem uma durabilidade de 10 anos, a depender do perfil de navegação da embarcação”, explica.
Entre os benefícios da solução da AkzoNobel destaca-se que a tecnologia patenteada de fluoropolímeros com propriedades melhoradas de liberação de limo mantém o rendimento durante todo o ciclo de docagem. Além disso, a superfície ultra-suave reduz o arrasto e o consumo de combustível, que pode chegar a 10%, de acordo com o executivo.
Networking fortalecido
“A Navalshore é, principalmente, um evento B2B de suma importância para fortalecer o networking com nossos clientes e criar oportunidades de negócios, além de propiciar uma cotação de alto valor agregado”, disse o gerente da filial do Rio de Janeiro da Cummins, João Ricardo Lisboa. A empresa tem sede em Indiana (EUA) e é especializada em motores e geradores a diesel e combustíveis alternativos, e componentes e tecnologia relacionados.
Outro destaque sobre o evento foi pontuado pelo gerente de vendas da empresa, Marcelo Felippetto: “Percebemos realmente o caminho do reaquecimento da indústria naval aqui na feira. Isso também é positivo, porque sentir essa temperatura do mercado nos ajuda a detectar demandas factíveis, que nos ajudam a fortalecer inclusive a nossa equipe de vendas.”
Para o diretor comercial da Alfa Bierges, Rafael Marques, a participação na Navalshore superou todas as expectativas iniciais. A empresa é representante oficial da montadora japonesa Daihatsu no Brasil desde o encerramento das atividades da Ishikawajima do Brasil e oferece assistência técnica e promoção de venda de motores diesel, tanto para a área de construção naval, como outras indústrias com demanda de plantas estacionárias para geração de energia e acionamento de bombas de grande porte.
“Além da ótima prospecção com possíveis clientes durante os três dias de evento, acompanhamos com muito interesse os assuntos das conferências realizadas em paralelo. O anúncio da Transpetro (sobre o programa ‘TP25’ que demandará investimentos da ordem de R$12,5 bilhões para a contratação de 25 navios que serão construídos no Brasil) nos animou bastante”, comemorou o executivo. Os motores da Daihatsu estão em nove embarcações da Transpetro, atualmente, e Marques espera ampliar essa participação.
Entre os estaleiros expondo no evento, também houve consenso quanto aos benefícios de participar da Navalshore. Integrante do grupo Bravante, o Estaleiro São Miguel, fundado em 1978, atua com dois diques estratégicos em São Gonçalo, no Estado do Rio de Janeiro. O estaleiro fez a sua estreia no evento este ano por acreditar na importância de estar junto aos players do mercado em aquecimento.
“Participar da Navalshore foi, sem dúvidas, uma grande oportunidade de encontrar novos parceiros e de mostrar todo o nosso potencial de construção e reparo na indústria naval. Saímos desses três dias de evento com diversas reuniões agendadas e a certeza de termos aberto caminho para a ‘quebra de gelo’ com muitos futuros clientes”, declarou o coordenador comercial do Estaleiro São Miguel, Marcos Porto.
Fez coro o diretor da unidade de negócios – petróleo e marítimo da Sotreq, Filipe Lopes, que reiterou o clima de otimismo que permeou os três dias da Navalshore 2023. O executivo considerou o evento um sucesso, reunindo um público focado na indústria naval.
“Nossos principais clientes estavam todos presentes. Este é um momento muito positivo para o mercado. Apesar de a fase de construção ainda não ter retomado, a operação está muito forte. Percebemos também que o mercado está mais exigente com a questão da sustentabilidade e estar aqui nos ajuda a atender as demandas que os clientes nos trazem”, disse o executivo, afirmando que as perspectivas de mercado se confirmaram boas, no médio e longo prazo, nesse clima da Navalshore.
Atuando há mais de 80 anos no mercado, a Sotreq é uma empresa nacional que fornece tecnologia, maquinário, soluções e suporte ao produto, altamente especializado para os segmentos de construção, mineração, energia, petróleo, marítimo, gás, florestal e agronegócio.
Uma só rota: modernização
“O momento da WIlhelmsen para a América do Sul é de crescimento”. A afirmação é do Head of Sales – Americas da empresa, Rodrigo Monteiro. A empresa norueguesa especializada em soluções para toda a cadeia industrial naval, entre outras frentes de negócios correlacionados, vem investindo nos últimos anos no conceito da Indústria 4.0, com iniciativas direcionadas à manufatura aditiva e impressão 3D. “Aqui, para a feira, trouxemos uma pequena amostra desses investimentos: uma solução focada em inteligência artificial para inspeção de cabos de amarração, que por intermédio dos logs do tempo da operação, permite fazer a medição da vida útil desse equipamento e antecipar, por exemplo, um potencial rompimento”, conta Monteiro.
A inspeção do cabo via inteligência artificial será um dos próximos passos da empresa. “Temos também o Line Management Planning, um software desenvolvido considerando a regulamentação e lançaremos um upgrade, que é a inteligência artificial inspecionando o cabo, além de eventuais danos e o impacto que têm na vida útil e avaliando se é necessária a sua substituição. O objetivo é remover a subjetividade dessa avaliação, reduzir custos e aumentar a eficiência da operação”, diz.
Segundo Monteiro, o Brasil representa um mercado muito importante para a divisão offshore da empresa. “Saímos muito satisfeitos da Navalshore 2023. Costumo dizer para quem me pergunta que a Navalshore é um tipo de feira da qual eu não abro mão, porque os clientes vêm para conhecer as novidades que estamos trazendo, então, para nós, a Navalshore é o principal evento do ano”, avalia.
Uma empresa que já confirmou presença na edição do ano que vem da Navalshore é a Ghenova. “Participamos da Navalshore Amazônia que foi espetacular e nos rendeu excelentes contatos. E estamos aqui, na Navalshore, que é a nossa principal feira, o evento mais importante para nós. Esta edição foi excelente! Ano que vem estaremos aqui!”, afirmou o gerente de novos negócios da empresa, José Paes. De origem espanhola, com cerca de 25 anos, o core business da Ghenova é a engenharia naval com expertise em projetos de detalhamento de embarcações, com dois produtos estratégicos de defesa certificados no ministério da defesa: o projeto de lanchas de defesa ribeirinha, que operam no rio, transportando tropas, e os projetos de navios militares.
“Em 2019 fechamos um contrato com a Marinha do Brasil para fazermos o trabalho de engenharia. E, dentro desse contrato, fizemos o projeto de detalhamento do navio patrulha ‘Maracanãs’”, conta Paes. Ele explica que a carteira de clientes não se resume à Marinha. “Estamos desenvolvendo o projeto de detalhamento do navio patrulha “Mangaratiba”, de 500 toneladas; temos contrato também com o estaleiro Jurong Aracruz, que ganhou a licitação para a construção do navio Polar e para o qual faremos o projeto de detalhamento da embarcação. Também temos outro grande cliente, que é o estaleiro Rio Maguari, que nos contratou para fazer o projeto de detalhamento de um empurrador e uma barcaça porta-contêineres oceânica da Aliança”.
De acordo com ele, 60% do portfólio da Ghenova no Brasil são indústrias naval, mas 40% são projetos com energias renováveis, com a elaboração de parques eólicos offshore e de energia solar. “É intenção de atuar também no Brasil nessa área, mas dependemos de um marco regulatório para ordenar esse mercado”, alerta.
Mercado precisa de certezas
Presente na Navalshore, a DLC, empresa especialista em motores, turbos, compressores, injetores, que oferece serviços e soluções consultivas para o mercado marítimo, teve o estande com intensa visitação durante os três dias da feira.
Segundo o CEO da empresa, Luiz Carpolare, o momento do ano é bom porque as novas encomendas incentivam os negócios no setor. “Nossa empresa tem, além da linha de equipamentos, um leque completo de serviços de manutenção. Temos também novas soluções na área de manutenção preditiva e de controle de consumo de combustível e redução de emissão de CO2. Essas inovações facilitam a integridade da manutenção, que é um tópico que o mercado tem demandado, então é uma oportunidade para a nossa empresa”.
Na visão do dirigente, o passado de inatividade da indústria naval brasileira passou. “Mas agora o mercado precisa desenvolver a confiança para as novas construções, que espero que voltem a acontecer. O crédito está caro, é verdade, e ainda há incertezas no mercado quanto às novas tecnologias que as regulamentações para a diminuição das emissões vão exigir: híbrido, etanol, biocombustível, eletrificação, ainda há muitas dúvidas. E como se trata de um investimento de longo prazo, com Capex altíssimo, o mercado precisa de alguma certeza sobre qual será a opção demanda”, avalia. Segundo ele, ninguém está preparado para o que o mercado vai exigir. “Todos os fabricantes estão estudando as opções e acredito que estas soluções serão ditadas pelo tipo da operação em questão. Estou muito otimista. Acredito que mudanças geram oportunidades”, declarou.
Navalshore 2024
A 18ª edição da Navalshore será realizada de 20 a 22 de agosto, no Expomag, no Rio de Janeiro.