O ato acontece todo mês, desde o fatídico dia de 2019, com soltura de balões ao céu, minuto de silêncio e leitura dos nomes das vítimas; haverá coletiva de imprensa às 10h
O traumático rompimento da barragem da Vale em Brumadinho completa seis anos sem respostas neste sábado, 25/1. Na Praça Saudade das Joias, milhares de pessoas são esperadas para o ato de resistência que é realizado todo mês, desde o fatídico dia de 2019, pela Associação dos Familiares de Vítimas e Atingidos da Tragédia do Rompimento da Barragem Mina Córrego Feijão Brumadinho (Avabrum). O ato de seis anos começa às 11h, com falas, apresentações e a leitura dos nomes das vítimas. Antes, às 10h, haverá coletiva de imprensa com a diretoria da Avabrum, cujo lema deste ano é “Memória Irreparável – Uma Tragédia que Rompeu Histórias Não Será Esquecida”. Às 12h28, horário exato da tragédia-crime, os participantes fazem um minuto de silencio e, logo após, a tradicional soltura dos balões no letreiro da cidade.
Em 2025, os participantes soltarão ao céu 2.192 balões amarelos, que simbolizam os dias exatos desde o rompimento da barragem, e três balões brancos, que representam as três vítimas que até hoje não foram localizadas. Todos os balões são biodegradáveis e têm sementes de girassol dentro. “O ato vem para fechar toda uma semana de eventos em prol do não esquecimento, e mais uma vez frisar que não há reparação para os sonhos, para os projetos e para tantas outras coisas assassinadas no dia 25 de janeiro de 2019”, afirma Nayara Porto, presidente da Avabrum, que perdeu o marido Everton Lopes Ferreira.
Integrante da diretoria da Avabrum, Kenya Paiva Lamounier, que perdeu o marido Adriano Aguiar Lamounier, reforça a importância da memória para os familiares e na luta por justiça em Brumadinho. “As memórias são nossas relíquias e não podem ser precificadas. Seis anos é muito tempo de espera, de saudade, de dor. Em seis anos, a presença da ausência é absoluta. E a memória é o que dá sustentação ao nosso caminhar”, afirma. “Queremos mostrar que as pessoas e os momentos são insubstituíveis. Estamos cansados e até ofendidos com o termo ‘reparação’. Como reparar uma morte? Qual o preço de uma vida? Para nós, familiares, o que ficou foram histórias e vivências daqueles que a Vale matou”.
Memorial Brumadinho
Neste ano, o dia 25 de janeiro também será marcado pela inauguração do Memorial Brumadinho, importante e aguardada conquista dos familiares de vítimas da tragédia-crime da Vale. A solenidade de abertura do espaço será fechada para familiares, autoridades e comunidade local de Córrego do Feijão, distrito mais atingido pela lama. O espaço se dedica a rememorar e honrar as 272 vidas, a partir da produção de exposições, pesquisa e acervo, além de salvaguardar segmentos corporais de vítimas, e mobilizando dinâmicas de reflexão e educativas sobre a maior tragédia humanitária do país para que ela não se repita.
O Memorial está situado no local do rompimento (Rua Hum, 100, no Córrego do Feijão), e abriga um bosque e uma escultura-monumento, além de 1220 m² de área construída, em projeto arquitetônico assinado pelo escritório Gustavo Penna Arquiteto e Associados. Idealizado pelos familiares, o Memorial é mantido e gerido pela Fundação Memorial de Brumadinho, instituição de direito privado sem fins lucrativos, criada em 2023 para esta finalidade.
A partir da próxima quarta-feira, dia 29 de janeiro, o Memorial Brumadinho estará aberto ao público. O espaço funcionará de quarta a sexta-feira, das 9h30 às 16h30, e, aos sábados, domingos e feriados, das 9h30 às 17h30. O Memorial ficará fechado nas segundas e terças-feiras. Mais informações pela página do Memorial Brumadinho no Instagram.
AVABRUM
Em agosto de 2019, como uma reação dos familiares à brutalidade da tragédia-crime da barragem da mineradora Vale, que matou 272 pessoas em poucos minutos, no dia 25 de janeiro de 2019, nascia a Associação de Familiares de Vítimas e Atingidos pelo Rompimento da Barragem Mina Córrego do Feijão – Brumadinho, em Minas Gerais.
Mães e pais, viúvas e viúvos, irmãs e irmãos, filhos e filhas de vítimas fatais se uniram por causa de uma dor incomensurável, mas também, e principalmente, pelo amor pelos seus entes queridos engolidos por um mar de lama que não lhes deu chance de fuga. As vítimas, hoje, são chamadas carinhosamente de joias.
SERVIÇO | Ato de 6 anos da tragédia-crime de Brumadinho
Quando. Sábado, 25/1
Onde. Praça Saudade das Joias – Brumadinho
Quanto. Gratuito e aberto ao público
PROGRAMAÇÃO
10h – Coletiva de imprensa
11h – Início do ato
12h28 – Minuto de silêncio e soltura dos balões