Boletim CBIC
Abril, 2025 – O painel Perspectivas do Mercado Global do Aço e Reflexos no Setor da Construção Civil, realizado no último dia da programação do Encontro Internacional da Indústria da Construção (ENIC), trouxe à tona debates cruciais sobre os desafios e oportunidades que o mercado de aço enfrenta em um cenário global de crescente protecionismo comercial. Promovido pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), o evento acontece em conjunto com a 29ª edição da Feicon, no pavilhão 8 da São Paulo Expo até 11 de abril. O encontro reuniu especialistas para discutir as implicações das mudanças tarifárias internacionais e seus impactos no Brasil, especialmente no setor da construção civil.
Dionyzio Klavdianos, moderador do painel, vice-presidente de Inovação e presidente da Comissão de Materiais, Tecnologia, Qualidade e Produtividade (COMAT) da CBIC, abriu a discussão destacando o cenário global da indústria do aço tem sido impactada por políticas protecionistas, como as tarifas de 25% sobre importações de aço e alumínio impostas pelos Estados Unidos. “Essas medidas têm gerado uma redistribuição nas cadeias de fornecimento, afetando exportadores brasileiros e pressionando os preços domésticos”, enfatizou o executivo.
Na sequência, José Guerra, especialista de Preço Senior da Latin America Metals na S&P Global, complementou o tema. “Essas tarifas não apenas restringem o acesso ao mercado norte-americano, mas também provocam uma reorganização global que afeta diretamente os produtores brasileiros.”.
Segundo Mayara Baggio Bombana, também especialista de Preços na S&P Global, o impacto dessas mudanças vai além das exportações. “Com o excesso de oferta no mercado interno brasileiro, os preços tendem a cair, mas isso pode comprometer as margens das empresas siderúrgicas locais.”
O Encontro Internacional da Indústria da Construção (ENIC) é uma realização da CBIC, em parceria com a RX | FEICON, apoio do Sistema Indústria e correalização com SESI e SENAI. O evento conta com o patrocínio oficial da Caixa Econômica Federal e Governo Federal, além do patrocínio da Saint-Gobain, no Hub de Sustentabilidade e Naming Room de Sustentabilidade; do Sebrae Nacional, no Hub de Inovação, e da Mútua, no Hub de Tecnologia. Também são patrocinadores do ENIC: Itacer; Senior; Associação Brasileira de Cimento Portland – ABCP, Associação Brasileira das Indústrias de Vidro – Abividro, Associação Brasileira dos Fabricantes de Tintas – Abrafati, Anfacer, Sienge, Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos – Apex Brasil, Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial – ABDI, Conselho de Arquitetura e Urbanismo de São Paulo – CAU/SP; Multiplan; Brain; COFECI-CRECI; CIMI360; Esaf; One; Agilean; Exxata; Falconi, Konstroi; Mais Controle; Penetron; Seu Manual; Totvs; Unebim, Zigurat; Yazo.
Demanda em ascensão – Trazendo a discussão para o potencial Brasil, um dos maiores produtores de aço do mundo, enfrenta desafios específicos diante desse cenário. O setor da construção, que depende fortemente de produtos siderúrgicos como vergalhões e chapas metálicas, é diretamente afetado pelas oscilações nos preços e na oferta. “A construção civil é um termômetro para o mercado de aço. Qualquer variação nos custos impacta diretamente os projetos de infraestrutura e habitação”, ressaltou Klavdianos.
A demanda por aço especializado também está em crescimento devido à retomada de obras públicas e privadas no Brasil. Segundo Guerra: “Há uma tendência clara de aumento na procura por materiais mais resistentes e sustentáveis para atender às exigências modernas do setor.
Outro ponto discutido foi a necessidade de adaptação às tendências globais de sustentabilidade. Empresas brasileiras têm investido em tecnologias como produção de aço verde e eficiência energética para reduzir emissões de carbono. Bombana comentou: “A sustentabilidade não é mais uma opção; é uma exigência do mercado global. Quem não se adaptar ficará para trás”.
Além disso, a digitalização e automação estão transformando a indústria siderúrgica. Klavdianos destacou: “A Indústria 4.0 está ajudando a otimizar processos e reduzir custos, mas ainda há um longo caminho para integrar essas tecnologias ao setor da construção civil”.
Apesar das perspectivas positivas em inovação e sustentabilidade, o setor enfrenta barreiras significativas como a alta carga tributária brasileira (“Custo Brasil”) e a concorrência desleal com produtos importados que não seguem as mesmas normas ambientais ou trabalhistas. Guerra alertou: “Sem uma reforma estrutural que reduza esses custos, será difícil competir globalmente.” Bombana complementou: “A dependência de insumos importados também encarece a produção local, criando um gargalo para o crescimento sustentável.”
Crescimento sustentável – O painel realizado no ENIC 100 evidenciou que o mercado global do aço está em constante transformação devido às políticas comerciais protecionistas e às demandas por sustentabilidade. No Brasil, essas mudanças trazem desafios significativos para o setor siderúrgico e reflexos diretos na construção civil. No entanto, com investimentos em tecnologia e adaptação às tendências globais, há espaço para crescimento sustentável.
Como bem sintetizou Klavdianos: “O futuro do aço está intrinsecamente ligado ao futuro da construção civil. Precisamos trabalhar juntos para superar os desafios e aproveitar as oportunidades que surgem nesse novo cenário global.”
O tema tem interface com o projeto “Construção 2030”, da Comissão de Materiais, Tecnologia, Qualidade e Produtividade (COMAT) da CBIC, em parceria com o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI).