Recursos destinam-se a recuperação de prédio histórico em Belo Horizonte para abrigar o novo espaço cultural, criado no âmbito da Comissão da Anistia
A Diretoria do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) aprovou apoio financeiro de R$ 10 milhões para a criação do Memorial da Anistia Política do Brasil, em Belo Horizonte. Os recursos destinam-se à recuperação do Coleginho, prédio histórico datado do inicio do século 20 onde funcionou o Colégio de Aplicação, ligado à Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Federal de Minas Gerais (FAFICH/UFMG), e, posteriormente, o Teatro da UFMG.
O objetivo do novo espaço cultural é preservar a memória coletiva das lutas de resistência e também o histórico de violação de direitos humanos durante a ditadura militar. A iniciativa partiu do Ministério da Justiça, como desdobramento dos trabalhos da Comissão da Anistia, e está a cargo da Fundação de Desenvolvimento e Pesquisa (Fundep), vinculada à Universidade Federal de Minas Gerais. Os recursos do BNDES são não reembolsáveis, com base nos incentivos da Lei Rouanet, e correspondem a 25% do custo total do projeto, que está estimado em R$ 40 milhões, com conclusão prevista para 2018.
O prédio tem valor simbólico: foi palco de resistência política e formação de intelectuais mineiros no período do regime autoritário. No dia 1º de abril de 1964, quando o golpe militar completou 50 anos, o Conselho Deliberativo do Patrimônio Cultural do Município de Belo Horizonte tombou a sede da antiga FAFICH como forma de reparação pelas violações cometidas pelo Estado durante a ditadura. Com o reforço estrutural, além da adaptação da área de 1.120 metros quadrados para sua utilização como equipamento cultural, o Coleginho disporá de dois pavimentos: o térreo e o subsolo, no qual haverá cabines de vídeo e de áudio.
O térreo será ocupado por exposição de longa duração. O acervo incluirá os requerimentos de reparação encaminhados à Comissão e os documentos de registros de perseguições políticas. A proposta é análoga às adotadas na Alemanha pós-nazista (como o Museu do Holocausto), na África do Sul pós-apartheid, nos Estados Unidos com a luta contra o racismo e em países da América Latina, após regimes ditatoriais. Os dossiês da Comissão de Anistia foram declarados “Patrimônio Documental Regional” pelo Programa Memória do Mundo da UNESCO.
Fonte: BNDES