Rio, janeiro, 2017 – Os trabalhadores metalúrgicos de Niterói foram surpreendidos nesta quarta-feira (03/01) com a notícia de que o presidente da Petrobras, Pedro Parente, liberou o pagamento de créditos no valor de R$ 10 bilhões a investidores norte-americanos num acordo fechado com a Justiça dos Estados Unidos.
No Brasil, a empresa deixa os trabalhadores à míngua utilizando de todos os recursos jurídicos possíveis para não pagar as indenizações de cerca de três mil metalúrgicos demitidos pelo Estaleiro Eisa Petro Um (Mauá), em Niterói (RJ), responsável pela construção de navios para a Transpetro.
Uma ação coletiva que corre na 3ª Vara do Trabalho de Niterói já condenou a Petrobras como responsável solidária na obrigação de pagar e indenizar os trabalhadores. O processo é movido pelo Sindicato dos Metalúrgicos de Niterói e pelo Ministério Público do Trabalho.
Três grandes navios estão parados no Estaleiro Mauá enferrujando e virando sucatas. As plataformas com mais de 90% prontas estão paradas, outras com 60% virando lata velha. Para terminar as embarcações a empresa gastaria apenas R$ 400 milhões e voltaria a gerar pelo menos 2.500 vagas de emprego.
A indenização dos mais de três mil trabalhadores demitidos em 2015 não chega a R$ 110 milhões, ou seja, a Petrobras não gastaria 5% do valor que será desembolsado aos norte-americanos para corrigir os danos trabalhistas e ainda finalizar as embarcações com geração de emprego e renda na região.
“Desde 2015, a Petrobras vem recorrendo das condenações para não pagar aos trabalhadores. A empresa não investe mais na geração de empregos e no seu patrimônio construindo plataformas e navios no Brasil. Só querem pagar a banqueiro internacional. O Brasil está hoje nesta crise por causa do pensamento deste tipo de gente”, afirma Edson Carlos Rocha, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Niterói e membro (representando a Confederação Nacional dos Metalúrgicos – CNM/CUT) do Conselho Diretor do Fundo de Marinha Mercante (CDFMM), responsável por financiar a construção de embarcações e Estaleiros no Brasil.
O processo de entrega da empresa e das riquezas do petróleo brasileiro ao capital estrangeiro só aumenta. A Petrobras participou timidamente dos leilões do pré-sal permitindo que as reservas fossem assumidas por empresas como Shell, Exxon e Chevron.
Os detalhes do acordo com a justiça americana estão em fato relevante divulgado nesta quarta-feira ao mercado. A ratificação do acordo depende ainda de decisão do juiz Jed Rakoff, da primeira instância da Justiça americana, mas a tendência, uma vez que houve acordo entre as partes, é que ele aprove a admissão inicial do acerto. Feito isso, dez dias depois, a estatal brasileira pagará aos participantes da ‘class action’ (ação coletiva) um terço do valor negociado.
Fonte: Imprensa/Sindicato dos Metalúrgicos de Niterói