Por Pablo Marlon
Rio, Fevereiro, 2018 – Segundo um estudo realizado pela ABDI – A AGÊNCIA BRASILEIRA DE DESENVOLVIMENTO INDUSTRIAL-, o Brasil destaca-se como um dos países com de maior potencial de matriz enérgica limpa do planeta. Enquanto no mundo, apenas 33% da matriz é renovável, em terras brasileiras o índice ultrapassa os 80%. Mesmo com o número já elevado, o potencial de crescimento no país salta aos olhos. Um estudo realizado pela International Energy Agency, afirma que o Brasil foi o quinto país com maior incremento de gigawatts (GW) gerados pelo vento em 2016. Já em 2017, o país gerou de 12,8 gigawatts (GW), que o coloca em oitavo lugar no ranking mundial de usinas eólicas, ultrapassando o Canadá.
Você sabia que na região Nordeste, seis de cada dez casas, são abastecidas por energia produzida por ventos¿. Que isso corresponde 8,2% de toda a energia gerada e, que a capacidade instalada passa dos 12,7 GW. O Ministério de Minas e Energia prevê uma expansão de 125% até 2026, quando praticamente um terço da
energia brasileira virá dos ventos (28,6%). Além de garantir luz acesa, os ventos também representam renda às famílias de muitos estados.
Gerando Empregos
Em 2016, o número de empregos diretos no setor passava de 150 mil. A ABEEólica estima que para cada novo megawatt instalado, 15 empregos diretos e indiretos sejam criados. Já a ABDI, estima que até 2026, a cadeia Eólica será capaz de gerar 200 mil novos empregos diretos e indiretos.
Um estudo inédito da ABDI mapeou 52 profissões/ocupações distribuídas em cinco grupos de atividades que compõem a cadeia, vamos a elas: construção e montagem (10 diferentes profissões); desenvolvimento de projetos (11 profissões); ensino e pesquisa (seis profissões); manufatura (15 profissões); operação e manutenção do parque eólico (nove profissões).
Para Guto Ferreira, presidente da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), explica que o potencial de criação de empregos é grande porque a cadeia Eólica é longa e há um crescente potencial de mercado: “São cinco etapas envolvidas na cadeia, desde o desenvolvimento do projeto, a fabricação, a montagem e operação de um parque eólico. Para cada fase é preciso uma gama de profissionais. Na fase de projeto, por exemplo, são necessários pelo menos 11 tipos de profissionais. Entre manufatura, construção e operação são mais 34 especializações diferentes”, destaca.
Segundo ainda o estudo realizado pela ABDI, afirma que cadeia de energia limpa, absorve profissões com todos os níveis de formação. “A cadeia eólica precisa de profissionais que tenham apenas o ensino médio e fundamental, como é o caso de montadores e motoristas, mas contempla também os altos graus de formação, como engenheiros aeroespaciais, onde a pós-graduação e especialização são pré-requisitos para a contratação”, explica Ferreira.
A pesquisa aponta uma profissão que chama a atenção: é o técnico em meteorologia, exigido em três das cinco fases da cadeia – montagem, desenvolvimento do projeto e operação. A formação dura em média três semestres (1200 horas) e o salário estimado pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (FIPE) é de R$ 2 mil. A ABDI mostra ainda as possibilidades de crescimento do profissional dentro do setor. O profissional pode progredir no setor e se tornar Técnico em Operações e Manutenção de Parques, aumentando assim, seu rendimento. Para os salários mais altos, são necessários diferentes profissionais do ramo da engenharia. Os ganhos médios mensais dos engenheiros aeroespaciais passam de R$ 8 mil já os engenheiros giram em torno de 15 mil.
Somente para a fase de manutenção permanente e já com o parque eólico instalado, são contratados profissionais com formação em sete engenharias diferentes (engenheiro de produção, industrial, de qualidade, de vendas, eletricista e projetista). Os salários giram em torno de R$ 5 e R$ 15 mil. Na mesma faixa também existem vagas para advogados, administradores e biólogos.
PROFISSÕES DO FUTURO
Com o maior número de parques de energia eólica e solar existente um novo mercado que se abre. E quem se dará bem será o técnico em meteorologia, segundo a perspectiva do Guto, o tecnólogo em meio ambiente, por exemplo, é uma profissão em alta. Esse tipo de profissional tem um papel fundamental na expansão das energias renováveis. Nos parques eólicos, os técnicos de meio ambiente são responsáveis pelo monitoramento ambiental da fauna. “É muito comum à morte de aves e morcegos por colisão com as pás das torres eólicas”, acrescenta. É um trabalhador que terá demanda crescente. O técnico em meio ambiente tem um salário médio de R$ 2,5 mil, segundo a FIPE.
ONDE ESTÃO OS EMPREGOS¿
A maioria dos parques eólicos do Brasil está no Nordeste. O Rio Grande do Norte e a Bahia lideram o ranking com 135 e 93 parques, respectivamente. Outros sete estados da região concentram 184 parques de torres eólicas. O Sul também apresenta parte considerável da geração. Na região estão 95 parques, sendo a maioria no Rio Grande do Sul (80). Isso não significa que os empregos estejam somente nessas regiões.
Durante a construção são geradas muitas vagas temporárias, empregando locais e pessoas de outras regiões:
– Uma torre instalada no Rio Grande do Norte gera empregos mais perenes para a população local na fase de operação e manutenção.Entretanto, o desenvolvimento do projeto pode ocorrer em um escritório em São Paulo e, os componentes das torres são construídos em Pernambuco, Minas Gerais e Santa Catarina –, conta Guto Ferreira.
Outro fator importante é que no processo da construção do parque são geradas muitas vagas temporárias, empregando locais e pessoas de outras regiões. A cadeia eólica não para por aí. Os construtores de pás é outro exemplo de nicho que trabalham com vento. São apenas quatro no Brasil e, em diferentes estados: Ceará, Pernambuco, Bahia e São Paulo.
Fonte: ABDI.