Concessionárias intensificam gestão de ativos frente à abertura do mercado de energia elétrica

Dezembro, 2017 – A abertura do mercado livre (CP33) no horizonte do setor elétrico e a importância na base de remuneração regulatória (BRR) na definição da tarifa aumentaram ainda mais a relevância da gestão de ativos no setor, cujas perspectivas foram discutidas na 4ª edição do Egaese (Encontro de Gestão de Ativos para Empresas do Setor Elétrico), promovido pelo Instituto Brasileiro do Cobre (Procobre), em novembro, em conjunto com a AES Eletropaulo, AES Tietê, Cemig, Eletrobras Furnas e ISA Cteep.

A preocupação de como garantir que cada real investido pela concessionária seja reconhecido e remunerado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), segundo os líderes das concessionárias, tem sido determinante para aprimorar as boas práticas de controle e monitoramento de ativos e no processo de decisão para o investimento prudente das companhias.

Para se ter uma ideia dessa inquietação, na AES Eletropaulo a gestão de ativos deixou de integrar o departamento de engenharia para fazer parte da área de regulação, onde também foi criada uma coordenação voltada para a qualidade do registro do ativo imobilizado, que prevê a descrição técnica de cada equipamento de acordo com as premissas do agente regulador.

A empresa, que investe anualmente R$ 1 bi em gestão de ativos e conduz cerca de 1200 projetos/mês, vem desde 2011 diminuindo seus índices de “glosa” (em referência aos investimentos não reconhecidos e remunerados pela Aneel). “Em 2011, cerca de 20% dos investimentos não tiveram reconhecimento tarifário. Em 2015, essa taxa caiu para 1,5 % e em 2018 temos que zerar as glosas”, sentencia Cláudio Domingorena, gerente de regulação da BRR e gestão de ativos da AES Eletropaulo.

Mobilidade na gestão de ativos

Para acelerar a tomada de decisão na gestão de seus ativos críticos, a AES Tietê, geradora do Grupo AES Brasil, criou um sistema de monitoramento em tempo real. O técnico passou a usar o tablet em campo, para relatar anomalias, enviar fotos, verificar o histórico das variáveis de processo do equipamento (temperatura, vibração, pressão), entre outras tarefas. “Os mantenedores passaram a ser responsáveis pelas análises de tendência das principais variáveis medidas pelos sensores instalados em campo”, conta Carlos Macedo, engenheiro de confiabilidade da companhia. “Agora conseguimos ter uma visão completa da situação das máquinas de todas as plantas através da análise quinzenal de aproximadamente dois mil pontos, dando confiança e tranquilidade para a operação remota das instalações”, complementa Macedo.

Na Taesa, que atua no mercado de transmissão de energia elétrica e tem a Cemig como detentora de cerca de 43% de seu capital, a tecnologia utilizada na gestão de ativos também deu mais autonomia à equipe de manutenção. Com mais efetividade sobre a informação, o tempo de análise da execução de manutenções passou de 45 dias para um dia apenas.

Outras iniciativas

Na ISA Cteep, o plano de modernização da transmissão está em desenvolvimento e abrange parte dos ativos como proteções, disjuntores, transformadores de corrente e seccionadores, que já possuíam diagnóstico prévio de sinistro, alta taxa de falhas ou indicação de substituição por obsolescência. “Elaboramos uma análise de custo-risco-desempenho para viabilidade de projetos, a fim de construir um plano de investimento plurianual associado ao processo de modernização”, afirma Gianfranco Corradin, gerente do departamento de operação da concessionária.

Em Furnas, a gestão de ativos leva em conta análises preditivas e preventivas como critério técnico para substituição de equipamentos em fim de vida útil. “Quando diagnosticada a necessidade de troca, os que possuem maior depreciação acumulada têm prioridade”, diz o superintendente de planejamento e engenharia de manutenção, Alexandre Ramis.

Na AES Eletropaulo, o desenvolvimento de uma metodologia própria para a tomada de decisão levou em conta a performance financeira dos ativos físicos, avaliando a condição técnica e o retorno financeiro para a empresa, destacada a importância de garantir o cumprimento do ciclo de vida desses ativos. “O órgão regulador determina a vida útil média regulatória do ativo. Na prática, essa vida útil é incerta no momento da imobilização do ativo, devido a fatores de operação, que podem influenciar”, diz Carlos Eduardo Albarici, coordenador de gestão de ativos da AES Eletropaulo. “Mapeando o ciclo de vida do ativo e comparando o retorno financeiro entre um novo e um reformado, identificamos em nosso case que, muitas vezes, é mais interessante comprar um transformador novo e investir em média R$ 60 mil a fazer manutenção a cada cinco anos e desembolsar em média R$ 25 mil.”

 Na distribuição, um passo no acompanhamento da lógica econômica na gestão do ativo imobilizado por parte da Aneel se deu pela criação da BPR, um banco de preços referencial, que irá remunerar os componentes menores e os custos adicionais relacionados aos serviços para colocar um transformador, por exemplo, em funcionamento. A Light (RJ), a Cemar (MA) e a Cosern (RN) já passaram por um período de treinamento de implantação, que deve ser estendido a outras concessionárias com a atualização do ciclo.

Prêmio Engenheiro Amauri Reigado

Uma novidade para 2018 é o Prêmio que leva o nome do engenheiro da Cemig (MG), em homenagem póstuma, Amauri Reigado, um dos precursores da gestão de ativos no setor elétrico no país. De acordo com a mediadora dos painéis apresentados durante o 4º Egaese, engenheira Marisa Zampolli, as inscrições poderão ser feitas a partir de fevereiro do ano que vem no site www.procobre.org. O Prêmio é um reconhecimento aos melhores trabalhos de Gestão de Ativos conduzidos nas concessionárias de energia.

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